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Dez voluntários de diversas cidades do Brasil e com diferentes experiências profissionais participaram no último feriado (de 15 a 19 de junho/22) de uma ação diferente: apoiar empreendedores na Amazônia a melhorarem os resultados de seus negócios por meio de troca de ideias e esclarecimento de dúvidas relacionadas ao tema. A atividade é parte do “Projeto Navegando Educação Empreendedora na Amazônia”, realizado pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, em parceria com o LinkedIn, a maior rede social profissional do mundo.
Após um levantamento realizado em 2021, o IPÊ apurou que a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga Conquista, localizada na zona rural de Manaus (Amazonas) e que protege quase 100 mil hectares de Amazônia, possui cerca de 147 empreendedores, que trabalham em mais de 330 negócios no território. Este é o maior levantamento sobre o tema na região. Exceto a pesca e a agricultura, que são atividades de subsistência, a maioria das 17 comunidades estudadas possui como fonte de renda o turismo, junto com as atividades que fazem parte de toda essa cadeia como artesanato, hospedagem, alimentação, serviços de trilhas, e experiências culturais. Todas essas atividades foram muito impactadas na pandemia de Covid-19 e, consequentemente, a economia de várias famílias. O estado do Amazonas, epicentro da pandemia no Brasil, registrou uma queda de 66% no faturamento do setor, refletindo diretamente no turismo dentro das áreas protegidas, comprometendo essa atividade socioeconômica e indiretamente em outras cadeias associadas ao turismo.
A partir desse diagnóstico, o Instituto e o parceiro LinkedIn selecionaram 47 projetos com potencial de crescimento e desenvolvimento, que passaram por nova triagem. Agora, 21 negócios passam por orientação dos profissionais voluntários que estão apoiando os empreendedores em desafios sobre logística, comunicação, marketing, infraestrutura e contabilidade.
“As atividades econômicas para geração de renda dentro do território Amazônico são importantes para a conservação socioambiental, já que podem ser aliadas para que os moradores se estabeleçam em seus territórios, desenvolvendo práticas sustentáveis que conservam a biodiversidade, e reduzindo a necessidade de buscarem trabalho na capital, Manaus – o que geralmente é arriscado e pode acarretar condições de vulnerabilidade social e econômica”, afirma Nailza Porto, coordenadora do projeto.
Vale ressaltar que as comunidades ribeirinhas não são plenamente contempladas pelas políticas socioeconômicas e ambientais. Somando-se a isso o cenário atual brasileiro, agravado pelo desmonte das políticas ambientais, é necessário fomentar mecanismos e estratégias voltadas à conservação de base comunitária buscando a superação de eventos extremos devido à crise climática, especialmente. Assim, é necessário construir novos arranjos inovadores e mais circulares frente ao momento atual, adotando estratégias para despertar uma visão sistêmica sobre a importância de um ambiente saudável como uma barreira natural para eventos de crise ambiental e climática.
Voluntários em ação
Um dos voluntários foi Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da Ryo Asset, empresa de investimentos do Rio de Janeiro. A chance de conhecer o projeto e o baixo Rio Negro trouxe novas perspectivas para o profissional, que pôde ajudar empreendedores em temas essenciais como contabilidade, precificação e as questões legais e burocráticas que envolvem o desenvolvimento de um negócio. “Empreender no Brasil sempre tem seus desafios sejam eles burocráticos, de capital, etc. Na Amazônia, mesmo com todos os desafios – energia, logística, sazonalidade – isso já está acontecendo e eu pude ver isso aqui, conversando com esses empreendedores. Mas eu acredito que o ponto principal para alcançarmos eficiência para os negócios está na coordenação disso tudo, fazer com que o empreendedor possa ter seu negócio de forma lucrativa, que o produto possa chegar no consumidor final de maneira viável e, claro, de maneira sustentável”, afirmou Gabriel (foto).
Ao longo da atividade de quatro dias, os voluntários passaram de professores a mentores. Cada um deles vai acompanhar de perto, ao longo de um mês, os negócios apoiados pelo projeto, atuando como padrinhos das iniciativas. O objetivo é auxiliar no plano de negócios e na proposta de ação de cada empreendimento para os próximos meses. Existem aqueles que querem expandir seus empreendimentos, outros precisam de adequação financeira, ou ainda compra de instrumentos e equipamentos, além de enfrentar questões de logística e fornecimento de energia e internet, grandes gargalos na região.
Para chegar até as comunidades, o IPÊ utiliza o seu Barco Escola, o Maíra I, onde os voluntários passaram todos os dias durante os dias de encontro. O instituto possui o barco desde 2003, como doação do grupo Martins e passou por reforma em agosto de 2021 a partir da aprovação do novo projeto.
A experiência despertou um novo olhar dos voluntários sobre a natureza, contribuindo para que os profissionais pudessem conhecer uma região do Brasil que muitas vezes não entra nos roteiros turísticos, embora seja extremamente rica em biodiversidade, cultura e atrativos naturais.
O “Projeto Navegando Educação Empreendedora na Amazônia” também conta com apoio do projeto LIRA/IPÊ – Legado Integrado da Região Amazônica.
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