Dois dos objetivos centrais da COP30 eram o fortalecimento do multilateralismo e o impulso definitivo para a era da implementação das decisões climáticas. Na prática, porém, a conferência explicitou conflitos, disputas, interesses e diferentes níveis de compromisso entre os países diante das transformações estruturais necessárias para enfrentar a crise climática.
Dada a importância geopolítica da Amazônia no cenário de combate à crise climática, torna-se evidente a necessidade de um estreitamento de laços políticos e diplomáticos entre os países que compartilham o bioma Amazônico, fortalecendo uma abordagem pan-amazônica como base para a governança climática global. Foi exatamente esse horizonte que norteou o painel da Casa IPÊ “Redes e Soluções Pan-Amazônicas: Fortalecendo o Multilateralismo e a Governança Climática”.
O painel explorou como redes pan-amazônicas podem impulsionar soluções compartilhadas de fomento a uma bioeconomia produtiva com base na valorização dos povos
pan-amazônicos. Caterine Cerda Tapuy mulher Kichwa da associação Kallari, no Equador, compartilhou como elas criaram um sistema participativo de garantias através do Sello Chakra Amazônica que agrega valor aos produtos com origem no sistema produtivo tradicional Kichwa. Gisel Obara revelou como esta organização global que a mais de 50 anos apoia o fortalecimento de comunidades e sistemas produtivos.
Vanda Witoto trouxe os desafios de territórios indígenas urbanos e experiência de sucesso na criação do ateliê Derinque, uma marca de roupas que costura histórias ancestrais. Marcelo Cwerner da Rede Pan-Amazônica de Bioeconomia / Amazon Investor Coalition trouxe perspectivas de novos instrumentos financeiros que possam chegar na ponta. Claudio Padua, da ESCAS/IPÊ, e Wania Diniz, da Universidade da Florida, trouxeram como o conhecimento e a ciência precisam apoiar esta visão sistêmica e aplicada para mudanças significativas.
“O painel revelou o potencial do poder das conexões, reunindo um grupo emergente criado a partir do projeto The Power of Connections, desenvolvido pela Universidade da Flórida (TCD) em parceria com a ESCAS/IPÊ. A iniciativa tem promovido encontros entre lideranças e iniciativas inspiradoras do Sul Global, conectando realidades e fortalecendo redes capazes de influenciar o futuro da Sociobioeconomia e da governança do clima. A construção de alianças regionais concretas, por redes que ultrapassam fronteiras e por projetos que conectam comunidades, territórios e instituições rumo a uma era de implementação real, justa e territorializada é o caminho”, afirmou Floriana Breyer, mediadora do debate.