Para que milhões de mudas nativas recém-plantadas se transformem, de fato, em uma floresta é preciso mais do que plantar. O monitoramento dessas áreas é essencial para garantir que a paisagem seja transformada, em geral, de área degradada para uma nova floresta.
Com a utilização de indicadores de curto, médio e longo prazo, tanto nas esferas ecológica, social e econômica, equipes dos projetos de restauração conseguem avaliar a eficácia das estratégias implementadas e ajustá-las quando necessário.
Para levar esse tema a público e capacitar pessoas para a atividade, o IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e a Iniciativa de Treinamento e Liderança Ambiental da Universidade de Yale (ELTI-Yale) realizaram o curso online Monitoramento da Restauração, entre novembro e janeiro, com subsídio da Arcadia Fund.
Cinquenta profissionais participaram, incluindo parceiros institucionais do IPÊ no sul da Bahia e associados da Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica (Sobre). Em um total de 12 horas, o curso realizado no formato online contou com três sessões ao vivo específicas para debates e troca de experiências entre os participantes. Princípios teóricos do monitoramento da restauração, contexto nas políticas públicas, indicadores biofísicos e sociais, além de monitoramento para inventários de carbono estão entre os temas abordados.
As aulas foram ministradas por especialistas no tema como, Alessandra Nasser Caiafa, professora da UFRB coordenadora do Dispersar, Gillian Bloomfield, da Elti/Yale, Carolina Biscola, pesquisadora do IPÊ; Rafael Chaves, da Secretaria de Meio Ambiente do estado de São Paiulo; Natalia Guerin da diretoria da SOBRE; Aurélio Padovezi, pesquisador.
A programação incluiu também desafio relacionado ao monitoramento da restauração proposto pelo Dispersar – Programa Nacional de Formação Inicial e Continuada em Restauração de Ecossistemas, da Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica (SOBRE).
Fernando Silva dos Santos, integrante do Projeto Desenvolvimento Socioambiental para Agricultura Familiar (DSAF), destaca o compromisso do curso com aplicação prática. “A forma com que o curso foi conduzido possibilitou aplicar os conhecimentos levando em consideração as particularidades das áreas, dos biomas, dos ecossistemas a serem restaurados. O material disponibilizado, o alinhamento do conteúdo e a flexibilidade do curso foram pontos fundamentais para que pudéssemos conciliar o curso com outras demandas”.
Para Fábio de Oliveira, docente no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Departamento de Ciências Humanas (DCH), da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), o pilar social na área da restauração foi o destaque. “O curso me conduziu a reflexão diante daquilo que eu tomava como única possibilidade de intervenção no campo da Restauração Ecológica, valorizando ainda mais o social no cenário dos projetos de restauração à luz do contexto da paisagem. A restauração ecológica é desafiadora, dinâmica, disruptiva, sinérgica, promotora de saberes, geradora de emprego e renda, originadora de cadeias produtivas, agente de negócios verdes”.
Thamara Santos de Almeida, assistente da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), explica que o curso ampliou o horizonte sobre o mercado da restauração. “Foi uma experiência enriquecedora, tive a oportunidade de aprofundar os meus conhecimentos sobre o monitoramento da restauração e participar de discussões relevantes acerca da definição dos indicadores e dos estudos de caso, o que abriu portas para reflexões de como ainda podemos avançar na restauração”.