Um evento recém-lançado com objetivo de levar conhecimento sobre a Amazônia reuniu cerca de 100 convidados nesta terça-feira 05 de setembro – Dia da Amazônia, na Casa Pompeia, na capital paulista. O objetivo dos empresários Michele e Giovani Pereira – criadores do Amazon Day é levar o evento para outras cidades do mundo, começando por Santa Mônica, na Califórnia. “Queremos mostrar o melhor do nosso país por meio de um grande festival” destacou Michelle. “A ideia é fazer com que ninguém saia da mesma forma que entrou”, completou Giovani.
Na programação do evento de lançamento, a mesa do Conhecimento, organizada pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, contou com mediação de Andrea Peçanha, coordenadora da Unidade de Negócios Sustentáveis do IPÊ, e participação de Celio Arago, artesão da etnia Baré, Georgia Marmonti, gerente do portfólio Amazônia, da NESsT e Ana Taranto, da Braziliando.
Andrea iniciou a conversa pontuando a grandiosidade da Amazônia. “Estamos falando de 49% do território brasileiro, que concentra 22% da biodiversidade do mundo e 10% do carbono estocado no mundo está na Amazônia. O bioma é o lar de 13% da população brasileira. Nesse contexto, como aliar conservação com negócios?”, provou.
Georgia explicou que para a NESst – organização sem fins lucrativos que apoia negócios de impacto no mundo e também na Amazônia (incluindo no Brasil, Equador, Colômbia e Peru) com foco no acesso ao emprego de qualidade – os resultados têm sido transversais. “Buscamos negócios com potencial de gerar renda para as comunidades, mas com os resultados obtidos eles também contribuem com o desenvolvimento local. Contamos com programas de aceleração de negócios, com destaque para associações e cooperativas. O primeiro estágio é para quem está, de fato, começando; no segundo estágio com os recursos que recebemos dos doadores realizamos a aceleração dos negócios durante três anos. Na Amazônia, atuamos em cerca de 40 empreendimentos de 14 cadeias produtivas, incluindo do açaí, pirarucu e do guaraná”.
Célio que vive Reserva de Desenvolvimento Sustentável Puranga Conquista contou sobre o trabalho que desenvolve. “Faço artesanato com as madeiras das árvores que tombaram na floresta e também de canoas que não são mais utilizadas, dessa forma sempre teremos matéria-prima para o artesanato na comunidade. Trabalho com aquilo que a natureza oferece. No ateliê-escola também dou aulas para passar esse conhecimento adiante. Uma porcentagem de cada peça vendida é direcionada para uma reserva que tenho para que eu consiga manter uma oficina gratuita a cada três meses para os jovens da comunidade”. Das 500 famílias que vivem na RDS, cerca de 80% vivem do artesanato.
Ana Taranto contou sobre o Turismo de Base Comunitária (TBC) que realiza junto com a comunidade Nova Esperança que vive na RDS Puranga Conquista. “Esse turismo é desenvolvido com a participação da comunidade, são eles que definem a programação de cada grupo, o que será oferecido e quanto devem receber pelo trabalho. Para os turistas fica a possibilidade de por meio do TBC conhecer, de fato, a vida na região. Tudo é combinado com os comunitários, afinal eles são os protagonistas. Dessa forma conseguimos alinhar turismo, conservação da biodiversidade, geração de renda e valorização da cultura e sabedoria dos povos da floresta”.
Andrea Peçanha compartilhou os resultados obtidos com o projeto Navegando Educação Empreendedora, do IPÊ, na RDS Puranga Conquista que contou com recente mentoria para negócios de impacto, com apoio do LinkedIn. “Mapeamos 300 negócios, identificamos cerca de 50 com potencial de crescimento, desses 21 foram selecionados e passaram por orientação de profissionais voluntários que apoiaram os empreendedores em desafios sobre logística, comunicação, marketing, infraestrutura e contabilidade. Entre eles foi feito mais um recorte e 11 receberam investimento semente, a maioria está ligada ao Turismo de Base Comunitária, incluindo duas pousadas, restaurante e lanchonete. Com esse trabalho notamos transformação real na comunidade. Com os negócios de impacto, a comunidade oferece inclusive atrativos para que os jovens queiram ficar e viver na RDS, algo essencial para a floresta, já que as áreas que apresentam os menores índices de desmatamentos são justamente essas em que vivem os povos da floresta”.