Entre os dias 19 e 21 de junho de 2018, foi realizada em Florianópolis/SC a Oficina para Análise de Custos para a Conservação da Biodiversidade da Mata Atlântica, uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente com o IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas. Essa foi a segunda oficina participativa realizada durante o processo de atualização do mapa de áreas e ações prioritárias para conservação da biodiversidade na Mata Atlântica. O objetivo foi o levantamento de informações espacializadas, organização e sistematização de um banco de dados georreferenciados e consulta a especialistas para definição de uma superfície de custos para a Mata Atlântica.
Compõem a superfície de custos quaisquer atividades antrópicas com algum nível de incompatibilidade com ações de conservação da biodiversidade. Essa superfície indicará, ao final do processo, áreas com relativa dificuldade em implantar ações de conservação na Mata Atlântica. Algumas das atividades analisadas durante a oficina foram: urbanização, mineração, barramentos de rio, aeroportos, portos, usinas termelétricas, estradas, ferrovias, hidrovias, atividades agrossilvipastoris, entre outras.
A oficina teve 53 participantes, entre representantes do setor produtivo, órgãos governamentais, organizações da sociedade civil e especialistas em impactos ambientais. Ao final da oficina, foram classificadas 31 diferentes atividades antrópicas que comporão a superfície de custos.
Os dados reunidos nesta oficina auxiliarão na priorização de áreas com menor conflito para as ações de conservação e igualmente importantes para o alcance das metas de conservação estabelecidas.
“A Oficina foi muito positiva. Pudemos identificar regiões com mais compatibilidade com os custos de conservação, em consenso com os diversos grupos que participaram”, afirma Clinton Jenkins, pesquisador do IPÊ e coordenador técnico do trabalho. Jenkins destaca que o processo de construção do novo mapa tem sido bastante eficiente com a abrangência da metodologia utilizada. “Décadas atrás a tendência era ver apenas maior número de espécies, agora a ideia é achar uma solução mais eficiente, usando mais critérios, por meio do conceito de planejamento sistemático de conservação”, diz.
Mais duas oficinas estão agendadas ainda para 2018, com vistas a concluir a atualização do mapa e efetivar a sua renovação. Em agosto, haverá uma oficina para identificar oportunidades de uso sustentável, e tem como perspectiva envolver ONGs, profissionais que atuam com serviços ecossistêmicos e comunidades tradicionais. A última oficina, em novembro, dará origem ao mapa final.
Sobre o mapa de áreas prioritárias
A seleção de áreas prioritárias para a conservação é um instrumento de política pública para apoiar a tomada de decisão, de forma objetiva e participativa, no planejamento e implementação de ações para conservação da biodiversidade brasileira, tais como a criação de unidades de conservação (UC), licenciamento, fiscalização e fomento ao uso sustentável. As regras para a identificação de tais Áreas e Ações Prioritárias foram instituídas formalmente pelo Decreto nº 5.092/2004 no âmbito das atribuições do MMA.
O Segundo Processo de Atualização das Áreas Prioritárias da Mata Atlântica teve início em novembro de 2017, com previsão de encerramento em dezembro de 2018. O trabalho está sendo coordenado pelo Departamento de Conservação de Ecossistemas (DECO) da Secretaria de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente e realizado em parceria com o IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas.
Este trabalho é desenvolvido no âmbito do Projeto Biodiversidade e Mudanças Climáticas na Mata Atlântica, coordenado pelo MMA no contexto da Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável Brasil-Alemanha, parte da Iniciativa Internacional de Proteção do Clima (IKI) do Ministério Federal do Meio Ambiente, Proteção da natureza, Construção e Segurança Nuclear (BMUB) da Alemanha. O projeto conta com o apoio técnico da Deutsche Gesellscha fürInternaonale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e apoio financeiro do Banco de Fomento Alemão (KfW).