Nos primeiros dias da Expedição Caatinga – Em busca da anta perdida, a equipe da Iniciativa Nacional de Conservação da Anta Brasileira (INCAB-IPÊ) saiu do Mato Grosso do Sul no início de março e chegou à Bahia.
No primeiro trecho da expedição, no estado de Minas Gerais, no limite sul com a Caatinga, a equipe esteve em uma área conhecida como zona de transição entre o Cerrado e a Caatinga visitando quatro parques estaduais, um Parque Nacional, as Cavernas do Peruaçu e a APA Cavernas do Peruaçu e conversando com os gestores dessas áreas.
“Os parques estaduais têm anta, populações maiores ou menores, em alguns casos animais mais passantes do que qualquer outra coisa, provavelmente não residentes, com relatos bastante esparsos, em alguns casos de alguns anos. É uma região de muita caça e muito fogo, com uma enorme problemática de perda hídrica, uma região que está secando. O rio Peruaçu – que era um dos principais corpos d’água ali da região já não tem mais flow de água – tem todo um contexto que aparentemente não favorece a presença de populações significativas desse da anta”, destaca a pesquisadora Patricia Medici à frente da expedição Caatinga – em busca da anta perdida.
Nesta semana a equipe já está no estado da Bahia adentrando a Caatinga. “Estamos na bacia hidrográfica da Chapada Diamantina, vamos para a beira do São Francisco para começar a subir para o meio da Chapada Diamantina para olhar os registros históricos daquela região”.
Na Bahia, a equipe começou pelo trecho Caetite – Ibotirama, onde realizou mais de 10 entrevistas nas proximidades do rio São Francisco. “Definitivamente é uma região que hoje em dia não tem anta, a gente sabe que do outro lado do rio na parte oeste da Bahia, na região do rio Correntes, rio Grande, Barreiras, Luís Eduardo Guimarães, voltando para o Cerrado há diversos registros de antas, mas do lado leste, margem direita não tem mesmo, mas tinha. Tivemos bons quatro ou cinco relatos mostrando que as antas ocorriam nessa região há 50, 60 anos”, destaca Patricia Medici.
Em Lagoa Danta, que era uma das lagoas do rio São Francisco, três entrevistados apontaram a localidade como um local que tinha muita água onde as antas vinham beber água. “Os relatos nessas entrevistas são absurdamente fenomenais, muito resgate do que é a fauna e a flora, do que existia no passado e do que não existe mais. Uma outra extinção local que todo mundo está reportando é a ema – nossa grande ave. Também temos ouvido muitos relatos fome, de seca e de desesperança, a água está minguando ainda mais, chove ainda menos”, revela Medici. O próximo trajeto é Ibotirama – Morro do Chapéu já no coração da Chapada Diamantina