Nos últimos dias, os profissionais que integram a Expedição Caatinga – Em busca da anta perdida estiveram na Chapada Diamantina onde se dividiram entre duas cidades que têm Tapir no nome, uma potencial referência à anta brasileira (Tapirus terrestris): Tapiramutá/BA que significa à espera da anta e Tapiraípe/BA. “Nas duas áreas detectamos registros históricos bastante evidentes”, antecipa Patricia Medici, pesquisadora à frente da expedição e da INCAB – Iniciativa Nacional para Conservação da Anta Brasileira, um dos projetos do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas.
Na sequência, a equipe continuou descendo a Chapada com destino à cidade de Mucuge/BA, onde o grupo finalizou as investigações sobre a presença histórica de antas na região. “Encontramos registros históricos da anta brasileira na Chapada Diamantina, ela esteve presente em áreas bastante delimitadas que conseguimos identificar. Na transição entre Caatinga e Mata Atlântica também identificamos esses registros, incluindo um avistamento recente em 2022”.
Na BR 116 paralelamente à costa, a equipe avança nos estudos sobre a presença histórica da espécie na região, como explica a pesquisadora. “Continuamos investigando a interface entre a Caatinga e a Mata Atlântica, dirigindo desde Vitória da Conquista até Feira de Santana, em grande parte pela BR 116 paralelamente à costa, bem por cima da interface desses dois biomas e olhando para a questão de potenciais portas de entrada para a anta vindo da Mata Atlântica para a Caatinga e vice-versa, foram três dias bem interessantes com a realização de cerca de 20 entrevistas na região. Tivemos aparentemente um registro recente em Vitória da Conquista, mas estamos em processo de confirmar que a princípio seria de 2022 e três registros antigos das décadas de 1960 / 1970 e de há cerca de 100 anos”.
Sobre os casos isolados de animais que apareceram sozinhos em fazendas e povoados, Patrícia explica a hipótese com mais potencial até o momento. “Possivelmente foram jovens adultos em dispersão, que buscavam território para se estabelecer em direção à Caatinga, subindo por áreas um pouco mais úmidas, leitos de rios, matas de galeria ao longo dos rios. Alguns certamente devem ter tido sucesso e a gente acredita que alguns desses animais devem ter chegado à Chapada Diamantina, onde registramos a presença histórica e outros acabaram morrendo ao longo do caminho”, explica.
Após alguns dias de viagem paralelamente à costa, a equipe adentrou a Caatinga em direção à cidade de Cícero Dantas, que fica próxima à cidade de Antas e de duas comunidades indígenas Cariri e Caimbé. “Com a ajuda da secretaria de Meio Ambiente de Cícero Dantas conhecemos as comunidades indígenas e não há relatos de antas. Já a cidade de Antas tem todo um histórico em relação ao nome e na casa de cultura conhecemos todas as hipóteses”.
Nesta sexta 17/03 a equipe segue em direção à Paulo Afonso. “Será uma viagem rápida, estaremos com a equipe do ICMBio que faz a gestão da Estação Ecológica (ESEC) Raso da Catarina, na Bahia, aprendendo sobre a Caatinga na região”, conclui Medici.