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A busca de informação sobre os caminhos para se estimular produções sustentáveis levou o engenheiro agrônomo Ricardo Gomes ao Mestrado Profissional da ESCAS-IPÊ. Ele também chegou à gerência do programa Desenvolvimento Territorial do sul da Bahia, do Instituto Arapyaú, parceiro da ESCAS no Mestrado Turma Bahia.
“Entrei no Mestrado Profissional para me aperfeiçoar, conhecer as oportunidades para trabalhar com produtores rurais, tornando o campo viável e despertando assim o interesse desse público em permanecer na região. Entendi que a proposta do Mestrado – Conservação Ambiental com Desenvolvimento Sustentável – poderia me ajudar a aprofundar meus conhecimentos e ampliar meu repertório”, conta Ricardo, que na época atuava como coordenador do Cacau para Sempre, uma política pública do estado da Bahia, desenvolvida pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (Sedir).
Oportunidade profissional
No início do Mestrado, em 2014, Ricardo participou de um processo seletivo do Instituto Arapyaú e conseguiu a oportunidade de analista. “O Arapyaú estava iniciando a agenda de apoio às cadeias produtivas sustentáveis, com cacau, silvicultura tropical e turismo associado à experiência. Além de uma quarta frente de fomento ao empreendedorismo comunitário”.
Ricardo relata que na época já conhecia a cadeia produtiva do cacau e ampliou o conhecimento sobre as demais frentes durante o Mestrado. “Por conta do trabalho desenvolvido no estado da Bahia e também pela minha família que está na terceira geração de produtores de cacau, eu já conhecia com certa profundidade essa cadeia produtiva. Como o Arapyaú já contava com a agenda de silvicultura tropical, aproveitei para desenvolver como trabalho de conclusão de curso um Guia Prático de Silvicultura Tropical para o Sul da Bahia e assim ampliar meus conhecimentos”.
Estratégia
O dia a dia no Instituto Arapyaú e o avanço das aulas do Mestrado reforçaram para Ricardo a importância da articulação para o desenvolvimento territorial. “O entendimento da potência do trabalho em rede veio a partir do Mestrado e do trabalho no Arapyaú. Tive um amadurecimento muito forte dessa compreensão. Até então, eu tinha no histórico passagem por multinacional, empresa familiar, a vivência como produtor rural, experiência em governos municipal e estadual, mas no terceiro setor isso é muito mais forte. Todo conhecimento assimilado, adquirido no Mestrado, eu usei muito no Arapyaú e uso até hoje.”
Liderança
Um ano depois, em 2015, Ricardo assumiu a gerência da área e desenvolveu a estruturação de um programa para o território. “Começamos a ter também um olhar de planejamento sobre as melhores tomadas de decisão para alavancar as propostas. É outra instância de responsabilidade, de olhar estratégico e de ampliação de rede, o que tem muito valor”. A equipe também cresceu. Quando Ricardo começou como analista no Arapyaú ele contava com um gerente na área. Atualmente, a equipe que ele coordena conta com três analistas. “Um desses profissionais atua no âmbito da economia do cacau, o outro é um especialista em educação e um terceiro profissional está em um projeto ambicioso de articulação com diversos atores sociais – um projeto de desenvolvimento regional do território apoiados pelo Arapyaú”.
Na prática
O aumento da renda está entre os resultados obtidos pelos produtores rurais beneficiados pelas ações do Instituto. “Seja pelo incremento de produtividade, a partir de práticas sustentáveis, seja por oportunidades que articulamos na avaliação do cacau de qualidade, não apenas a venda, mas a relação com os centros de inovação do cacau, por exemplo. Quando pequenos produtores são incluídos no mercado de cacau de alto valor agregado, a remuneração pode chegar acima de 150% do valor da commoditie. Na média, o aumento é de 70% de agregação de valor. Esse resultado pode ser atingido em três meses, seis meses ou em um ano – depende muito do perfil de quem está trabalhando”, explica o gerente do Programa e egresso da ESCAS.
Na esfera da educação, o Instituto também contribui com a educação pública. “Notamos melhora significativa nos dois municípios em que desenvolvemos ações – Una e Uruçuca, na Bahia. Atuamos com a formação de professores e acompanhamos o rendimento em sala”, explica Ricardo. Os dados registrados pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2019, divulgados em setembro de 2020, estão no Relatório 2020 do Instituto Arapyaú. O município de Una/BA aumentou em 0,5 a pontuação no Ideb de 2019 e alcançou a meta determinada para o município de 4,8 pontos nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Enquanto Uruçuca avançou 0,6 ponto no índice e ficou com 4,2 – a 0,1 de alcançar a meta de 2019 (de 4,3 pontos). Segundo o Relatório do Instituto, no estado da Bahia, apenas 22% dos municípios apresentaram evolução no índice igual ou superior aos municípios de Una e Uruçuca.
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