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Uma das abordagens mais importantes do projeto Educação, Paisagem e Comunidade é o envolvimento da sociedade para a transformação ambiental. Realizado atualmente nos municípios de Águia Branca e Alto Rio Novo (ES), esse trabalho do IPÊ utiliza como ferramentas a educação e a agroecologia.
Extensionista e pesquisadora nas áreas socioambientais e agroecologia, há 14 anos, Vanessa Silveira é a educadora ambiental responsável pelo projet. Ela dedica a sua carreira a projetos e pesquisas socioambientais, mais especificamente com comunidades tradicionais atingidas por conflitos ambientais. Graduada em Filosofia, foi membro do Núcleo de Investigação em Justiça Ambiental – NINJA, do Departamento de Ciências Sociais – UFSJ, e é mestre em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável pela Universidade Internacional de Andaluzia, Espanha.
Aqui, Vanessa fala um pouco mais sobre as expectativas sobre esse trabalho que deve envolver mais de 140 famílias.
Qual é a sua ligação com projetos em áreas rurais?
Desde o início da minha atuação em campo, em 2006, tenho observado as tantas formas de desigualdade na apropriação de espaços e recursos, e vejo como um trabalho de assessoria técnica, de forma atenta e comprometida, pode intervir positivamente nessa realidade. Gosto de pensar na agroecologia como uma forma de se colocar no mundo, reconhecendo todo conhecimento e sabedoria ainda guardados por membros de comunidades rurais. Ao meu ver, é aí que está grande parte das respostas à crise socioambiental que vivemos hoje. E é no campo onde também me vejo como sujeito capaz de apoiar processos de transformação socioambiental.
Qual é a importância da mobilização social, participação comunitária na transformação socioambiental?
O processo de modernização da agricultura imposto nas últimas décadas tem causado diversos impactos negativos, tanto ambientais quanto sociais, e muitas vezes por não reconhecer a cultura e as necessidades específicas de cada agroecossistema, uniformizando as práticas agrícolas e ignorando os conhecimentos tradicionais. Acredito que a nossa missão é estarmos atentos à diversidade, tanto biológica quanto cultural e assim agirmos de forma local, no intuito de resgatar e muitas vezes ressignificar as formas de interação com a natureza. É importante observar como a cultura está intrinsecamente ligada ao território, o uso que se faz dele e como isso reflete na paisagem. E é nesse sentido que não consigo enxergar transformação socioambiental sem participação social.
Quais são os planos do projeto Educação, Paisagem e Comunidade para essa participação social?
A princípio, o Projeto Educação, Paisagem e Comunidade pretende conhecer as particularidades de cada um dos Assentamentos Rurais e a partir daí traçar estratégias de participação e envolvimento em consonância com a realidade local. A mobilização e organização social estão diretamente relacionadas ao fortalecimento das identidades, reconhecimento das características e necessidades específicas, autoestima e, claro, um diálogo assertivo. Nesse sentido, acredito que valorizar a cultura local, os saberes tradicionais e as práticas peculiares de subsistência é capaz de mobilizar e unir as pessoas em prol de um bem comum. Da mesma forma, a identificação e formação de núcleos dentre suas dimensões singulares como é o caso de mulheres, jovens e agricultores familiares, se mostra fundamental para as estratégias de engajamento. Isso está aliado a dois fatores fundamentais: o estabelecimento de relações de confiança e o olhar atento às necessidades subjetivas e peculiares entre si. O papel da educação se mostra imprescindível nesse processo, sempre no intuito de trocar conhecimentos e construir juntos alternativas sustentáveis de manejo, produção e conservação das áreas prioritárias, assim como no apoio a alternativas para geração de renda e melhoria da qualidade de vida das famílias envolvidas.
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