Pesquisadores se reúnem para definir metas para a sobrevivência do mico-leão-preto
Na primeira quinzena de março, cerca de 40 profissionais, de pelo menos 30 instituições, estarão reunidos para a Oficina de Elaboração do Programa de Manejo Populacional do Mico-leão-Preto (Leontopithecus chrysopygus), no Centro de Formação em Conservação da Biodiversidade (ACADEBio/ICMBio), na Floresta Nacional (FLONA) de Ipanema, em Iperó/SP, onde trabalharão na elaboração conjunta desse documento. “Avançar na elaboração do Programa de Manejo Populacional do Mico-leão-preto é a macro ação que vai direcionar as próximas medidas para a conservação dessa espécie, ameaçada de extinção e que ocorre apenas no estado de São Paulo”, adianta Gabriela Rezende, coordenadora do Programa de Conservação do Mico-leão-preto – um dos projetos do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, instituição que assina a realização do evento junto com o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros – CPB/ICMBio e o Zoológico de São Paulo.
O evento é exclusivo para convidados, entre eles pesquisadores, gestores de Unidades de Conservação onde a espécie ocorre, representantes de zoológicos e de outras organizações envolvidas na conservação da espécie. “Essa construção participativa tem o potencial de contribuir e muito para salvar os mico-leões-pretos. Cerca de 80% da população desse primata vive na região do Pontal do Paranapanema e reconhecemos a necessidade de fortalecer as populações menores de micos que habitam outras regiões do estado de São Paulo”, destaca a coordenadora do Programa de Conservação do Mico-leão-preto.
“Para 2023, nossas ações terão como base o Plano de Manejo e o Protocolo de Translocações, que serão elaborados durante a Oficina. Esses documentos são importantes porque é a partir deles que poderemos planejar a movimentação de micos entre as populações que necessitam de manejo, tendo em vista promover o crescimento de populações pequenas e, assim, a conservação da espécie em toda sua área de distribuição”, completa Gabriela Rezende. O mico-leão-preto já esteve em situação pior (antes criticamente ameaçado) e seu status na natureza tem melhorado por conta dos esforços de conservação, que completam quatro décadas em 2024. A espécie é considerada importante dispersora de sementes por conta das distâncias que percorre, cerca de 2 a 3 km/dia, auxiliando na manutenção das florestas onde vive.
O manejo de populações de mico-leão-preto é uma ação prevista no Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Primatas da Mata Atlântica e da Preguiça-de-coleira (PAN PPMA/ICMBio), que é parte da estratégia nacional e global de conservação da biodiversidade.
Em 28/02 é comemorado o Dia Nacional do Mico-leão-preto com programação especial na região do Pontal do Paranapanema
Para celebrar a data, a equipe do Programa de Conservação do Mico-leão-preto, do IPÊ, realizará uma série de iniciativas na região do Pontal do Paranapanema/SP onde o Instituto atua há 39 anos.
No domingo 26/02, a convite da gestão do Parque Estadual Morro do Diabo (Fundação Florestal de São Paulo – FF-SP), o IPÊ estará em uma tenda na praça central da cidade, onde fará a distribuição de cerca de 200 mudas de árvores nativas da Mata Atlântica. As mudas serão doadas por um dos oito viveiros comunitários liderados por assentados rurais e acompanhados pelo IPÊ. No espaço, será possível saber mais sobre o mico-leão-preto e conhecer Mapa dos Sonhos, do IPÊ, que orienta as ações de restauração florestal para ampliar e melhorar o habitat dos micos na região, uma vez que a fragmentação florestal e o desmatamento estão entre as principais ameaças à espécie.
Na segunda-feira 27/02, Vinícius Alves Pereira, educador ambiental do Programa de Conservação do Mico-leão-preto (PCMLP/IPÊ), estará na Escola Estadual Arthur Ribeiro onde conversará com os alunos do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio sobre a importância do mico-leão-preto na Mata Atlântica. Cerca de 40 alunos terão a oportunidade de, no dia seguinte – 28/02, conhecer a trilha do Mico-leão-preto, de 1.1 Km com cinco paradas, localizada dentro do Parque Estadual Morro do Diabo (PEMD/FF-SP), prevista para ser inaugurada em junho de 2023. “Estamos desenvolvendo em parceria com a Fundação Florestal o conteúdo e a comunicação visual da trilha como forma de difundir conhecimento sobre a espécie. A ideia é replicar a ‘Trilha do Mico-leão-preto’ em outras UCs no estado onde sabemos que esse primata também está presente”, pontua Gabriela.
Entre os destaques da terça-feira 28/02 – também em parceria com a equipe do PEMD/FF-SP – está a dinâmica do bambolê que será coordenada por Vinícius (PCMLP/IPÊ). “Por meio dessa atividade conseguiremos mostrar para os estudantes, de forma lúdica, porque a fragmentação e a perda do habitat são tão críticas para a espécie”, destaca o educador.
Ainda como parte da programação da Semana do Mico-leão-preto, uma turma de terceira idade do CRAS – Centro de Referência de Assistência Social vai participar, no dia 03/03, de um plantio simbólico de 12 árvores de espécies nativas da Mata Atlântica e que são essenciais para a sobrevivência do mico-leão-preto, como araçás, pitangas e ipês, seja pela oferta de alimento ou ainda de proteção, uma vez que no longo prazo irão oferecer ocos naturais para o abrigo dos micos à noite.