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Quando a engenheira agrônoma Jeilly Vivianne, mestra pela ESCAS, chegou ao extremo sul da Bahia, em especial nos municípios de Caravelas, Nova Viçosa e Mucuri encontrou uma região dominada pela exploração do carvão. Na esfera social, alcoolismo e violência doméstica despontavam entre as consequências. “Quem conseguia construir o forno aliciava os outros. Quem abria um forno de carvão bebia para suportar o enxofre da combustão, já que o uso do EPI não era uma opção. A precariedade também estava nos rendimentos que incluía parte do pagamento em bebida. Havia também quem agenciava a carga, era um cenário de guerra”, comenta a engenheira agrônoma Jeilly.
Nesse contexto, Jeilly assumiu um contrato de risco de oito meses com a meta de transformar carvoeiros em agricultores. Era a implantação do Programa de Desenvolvimento Rural Territorial (PDRT), da Fibria, na região. “Tínhamos que convencer essas pessoas a plantar culturas de ciclos curtos, com 90 dias entre o plantio e a colheita. Começamos a conversa mostrando os problemas de saúde e de alcoolismo da população, mas que era possível mudar. Havia uma pressão muito forte do aliciador da carga para evitar a participação dos carvoeiros nas reuniões”, relata a engenheira agrônoma.
Ponto de Virada
Para Jeilly, duas situações possibilitaram o ganho de escala que atualmente engloba mais dois municípios: Alcobaça e Teixeira de Freitas (BA). “Quando notamos um agricultor falando para o outro que aquilo dava certo, a receptividade era diferente”. Para compartilhar essa experiência, Jeilly passou a levar quem ainda não estava convencido para conhecer os resultados de quem já havia implementado a Agrofloresta. “Também convidamos os agricultores com resultados para algumas reuniões, o depoimento deles era muito importante”.
O segundo momento foi quando ex-carvoeiros comprometidos com a mudança conheceram o que poderia ser feito na região. “Levamos um grupo para participar de vivência em agrofloresta, a 800 km de distância, durante uma semana. Na volta já houve uma transformação. Atualmente, não precisamos ir longe para mostrar onde eles podem chegar, já temos essa referência em nosso território”, completa Jeilly.
Operação Cruzeiro do Sul
Em dezembro de 2011, a Operação Cruzeiro do Sul de combate à produção, comercialização e transporte ilegais de carvão vegetal levou à quebra da cadeia do carvão. “Em uma semana, 2 mil fornos de carvão foram destruídos, aliciadores e compradores foram presos. Os carvoeiros tinham que procurar uma nova fonte de renda e o Programa era uma alternativa. No primeiro ano, que teve início em setembro de 2011, atuamos em oito comunidades com 168 famílias. No segundo ano, chegamos a 20 comunidades e 420 famílias.”, pontua a engenheira agrônoma.
Resultados e Perspectivas
Em quase nove anos de programa, 50% dos ex-carvoeiros avançaram no caminho da Agroecologia, desses cerca de 10% já estão em processo de certificação participativa orgânica pela Rede Povos da Mata. “Esse é o futuro da agricultura, da soberania alimentar. Os agricultores estão conseguindo pagar faculdade para os filhos na cidade e começaram a investir na melhoria das casas. Com o sustento básico assegurado eles conseguem dar outros passos. É uma evolução significativa reconhecida por todos. Alguns até reconhecem que demoraram para entender e aderir ao programa, mas os que abraçaram a proposta desde o início estão com o resultado lá na frente”.
Agricultores contam a história da transformação da vida deles de carvoeiros a agrofloresteiros. https://www.youtube.com/watch?v=yfgVAqhpsEQ&feature=youtu.be
Negócios em tempos de Covid-19
As mudanças no cenário por conta da pandemia aceleraram alguns planos, como explica Jeilly. “Planejávamos começar o trabalho de cestas delivery no segundo semestre de 2020, após o escalonamento de plantio, mas com a suspensão das feiras em tempos de pandemia, antecipamos as cestas. Temos mais de 50 produtos entre in natura, minimamente processado até o processado. Começamos com a entrega de 40 cestas por semana em Teixeira de Freitas ainda no mês de abril. Já estamos com as cestas delivery em mais três municípios: Alcobaça e Guaratiba/Prado (Bahia) e Nanuque (Minas Gerais)”.
Jeilly Vivianne Ribeiro desenvolve essa iniciativa ao lado 15 colaboradores diretos, entre funcionários e estagiários, que trabalham com ela na Polímata Soluções Agrícolas e Ambientais – empresa que ela fundou dois meses após a conclusão do mestrado profissional da ESCAS na Bahia. Uma das colaboradoras de Jeilly também está na ESCAS. “Dorandia Trivellin começou como estagiária e segue como funcionária na Polímata. Ela tem um potencial incrível e quando me contou que o sonho dela era fazer mestrado, eu disse ‘Você vai para a ESCAS’.
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