::cck::886::/cck::
::introtext::
As cadeias produtivas da sociobiodiversidade da floresta Amazônica estiveram em debate nas aulas da pós-graduação em Gestão de Negócios Socioambientais da ESCAS. Trabalho em rede, pesquisa na prática e novas oportunidades estão entre os destaques pontuados pelos convidados: Fabiana Prado, coordenadora do Projeto LIRA/IPÊ – Legado Integrado da Região Amazônica, Isabel Seabra, professora da Universidade do Estado do Amazonas e Luiz Brasi Filho, egresso da ESCAS, especialista de Mercados da Rede Origens Brasil, no Imaflora – Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola.
Trabalho em rede
Fabiana Prado, coordenadora do LIRA/IPÊ, compartilhou os objetivos do projeto e trouxe como estratégica a importância da atuação em rede. “O LIRA tem como foco trabalhar o aumento da efetividade de gestão das áreas protegidas, pensando na conservação da floresta e na resiliência frente às ameaças. As áreas protegidas são a base para o presente e elas garantem o futuro da Amazônia promovendo os ativos naturais do Brasil e a sabedoria ancestral dos povos da floresta”. Nessa direção, a iniciativa conta com a REDE LIRA, uma ampla articulação de mais de 80 instituições que busca fortalecer a economia e as comunidades na Amazônia. “O LIRA tem como foco os povos tradicionais, trazendo esse olhar para as vulnerabilidades e as injustiças socioambientais e a gestão de áreas protegidas, trabalhando principalmente as redes de parceria”, completou.
Entre as questões-chave apoiadas pelo LIRA está o fomento a 12 cadeias de valor da Amazônia: castanha, farinha de mandioca, turismo, açaí, pesca, pirarucu, artesanato, artefatos de madeira, cumaru, cacau silvestre e borracha. “Além do apoio às áreas de estrutura, armazenamento, comercialização, cultivo, equipamento, capacitações e desenvolvimento de planos de negócios, é importante também trabalhar essa esfera administrativa-financeira das organizações para que elas possam no futuro captar e gerir os próprios recursos, uma exigência dos grandes financiadores”, destacou Fabiana. O LIRA é uma iniciativa idealizada pelo IPÊ, Fundo Amazônia e Fundação Gordon e Betty Moore; parceiros financiadores do projeto.
Pesquisa na prática
Izabel Seabra, professora da Universidade do Estado do Amazonas e doutoranda, compartilhou a tese em desenvolvimento sobre sustentabilidade financeira em Reservas Extrativistas (Resex), no sul do bioma Amazônico. “Visitei a Resex Estadual de Canutama que conta com 16 comunidades e tem como principal produto a castanha, seguida da farinha, peixe fresco, peixe seco, porco e açaí. Muitas vezes os dados agregados da Resex mascaram a desigualdade dentro dela. A SEMA – Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas tem a produção total in loco, mas consegui a desagregação. Há comunidade concentrando mais de 30% da produção de castanha, enquanto outras estão minguando”.
O doutorado de aplicabilidade prática de Izabel inclui o desenvolvimento de um aplicativo em que tanto o gestor da RESEX quanto os líderes comunitários terão a oportunidade de inserir dados sobre volume de produção de cada produto, valor de venda, para quem vendeu, o destino do produto, por exemplo. “A sistematização nasceu exatamente como forma de apresentar o que tem sido feito em cada comunidade. Existe um desconhecimento entre eles pela distância. A ideia também é fazer com que eles se sintam como parte de um todo, se identifiquem como reserva; acredito que assim a situação vai melhorar para todos”, pontuou Izabel Seabra.
Novas oportunidades
O terceiro convidado Luiz Brasi Filho, especialista de Mercados da Rede Origens Brasil, no Imaflora, compartilhou possíveis soluções para escalar a economia da floresta. “Não existe uma solução única para suprir os desafios da sociobiodiversidade, mas sim um conjunto delas. Estruturar a oferta dos produtos da sociobiodiversidade de forma conjunta unindo ribeirinhos/beradeiros e indígenas pode ser um mecanismo interessante para a Amazônia para depois conectar com o mercado”.
Filho destacou o Origens Brasil entre essas estratégias. “O Origens é uma rede que dá acesso às empresas às cadeias da sociobiodiveridade estruturadas e garante origem, transparência, rastreabilidade – uma tendência no setor empresarial”. Entre as possibilidades do mercado, Luiz acredita que uma delas se refere a influenciar empresas para que incorporem produtos da sociobiodiversidade amazônica em seus produtos. “Uma empresa, por exemplo, comprou 2 toneladas de borracha, no primeiro ano da parceria com o Origens. No segundo ano, a compra foi de 12 toneladas. Ela inovou no desenvolvimento do produto e o consumidor desse calçado gostou; o que mostra que temos também um papel de contribuir para que as empresas inovem nos produtos”.
Segundo o egresso da ESCAS, os novos modelos de contrato também despontam como possibilidade, uma vez que podem prever para as comunidades, por exemplo, a destinação de um porcentual da venda final do produto desenvolvido com matéria-prima da sociobiodiversidade. “Muitas vezes, para a comunidade, a repartição de benefícios dos contratos com essas empresas é mais interessante do que a própria compra. A repartição em muitos casos é maior do que a compra direta dos produtos da sociobiodiversidade”, destacou.
::/introtext::
::fulltext::::/fulltext::
::cck::886::/cck::