A comunidade Nova Esperança, formada por indígenas da etnia Baré, no Rio Cuieiras, inaugurou o seu centro cultural e a Biblioteca comunitária Uka Yayumbwé Bayakú “casa do conhecimento Bayakú”. O espaço levou quatro meses para ser construído e abriga agora mais de 600 livros, além de uma videoteca e um viveiro de ervas. A iniciativa foi financiada pelo Instituto C&A e teve parceria técnica do IPÊ.
A construção do espaço tem relação com as ações de voluntariado promovidas pelo Instituto C&A. A cada ano, uma viagem é realizada com um grupo de voluntários a algum local do Brasil para promoção de atividades que levem benefícios socioambientais e culturais às comunidades visitadas. Em 2016, o destino escolhido foi a Amazônia, e o IPÊ, o parceiro local para a realização dos trabalhos. A opção pela região aconteceu após as consultoras Ana Bernardes e Márcia Cavalcanti conhecerem a presidente do IPÊ, Suzana Padua. De acordo com o Instituto C&A, a viagem proporcionou um melhor panorama quanto à maneira do IPÊ atuar e, em especial, ao acolhimento da comunidade Nova Esperança.
Em consultas aos comunitários, o Instituto C&A recebeu com entusiasmo a demanda de construção de uma biblioteca que funcionaria como um centro cultural dos povos indígenas, no Rio Cuieiras. Há três anos Nova Esperança aguarda a construção de uma escola, ainda inacabada, o que faz com que as crianças tenham de mudar um prédio para o outro dependendo da ocasião. A Uka é a primeira construção destinada à educação dentro da comunidade. Os trabalhos começaram em março, com a mão-de-obra local e escolhida pela comunidade, que também ficou responsável pela decoração da biblioteca. O IPÊ coordenou os programas de trabalho e a intermediação com comunitários, Instituto C&A e os órgãos gestores, em especial pela parceria com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA), gestora da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Poranga Conquista.
“A Uka é um exemplo de como as iniciativas sociais não podem ser desassociadas das ações para a conservação ambiental. Essa é, inclusive, a bandeira do IPÊ. A biblioteca se propõe a ser muito mais do que um local de locação de livros, mas um centro cultural de referência. Com essa perspectiva, os jovens podem se acercar dos temas da conservação da biodiversidade, tanto quanto a preservação de sua ancestralidade, seja ela Baré, Cambeba ou Carapanã. É um estímulo para a simbiose do homem com a natureza, em prol da conservação de nossas maiores riquezas: a biodiversidade presente e o futuro das pessoas”, afirma Luiz Fonseca Filho, do IPÊ.
Todos juntos pela comunidade
Durante os dias 15, 16 e 17 de junho, para a inauguração do espaço, algumas oficinas foram realizadas junto com os comunitários e os voluntários de cinco regiões do Brasil, para dar o toque final ao centro cultural. Assim, foram criadas pinturas de iconogramas Barés em tecido e parede, artesanato, teçume e horta.
A inauguração contou ainda com Tiago Hakiy, autor Saterê-Maué, de Barreirinha, no oeste do Amazonas. Tiago autografou livros e coordenou a organização da biblioteca com os jovens da comunidade, além de dividir com todos suas declamações de versos inspirados em lendas indígenas e na exuberante natureza amazônica. Posteriormente, os comunitários realizaram uma grande celebração, com danças e comidas típicas. Após a inauguração, os comunitários reuniram-se para avaliar os trabalhos e planejar as próximas ações para a biblioteca, como a agenda cultural.