O café agroflorestal, plantado sob a sombra da floresta, é a grande paixão do assentado Iderval Alves da Silva, de 85 anos. Ele é morador do assentamento Água Sumida, no município de Teodoro Sampaio, Pontal do Paranapanema, extremo Oeste do estado de São Paulo. Ali, há mais de 20 anos, Iderval foi um dos primeiros assentados a apostar no café plantado junto a árvores nativas da Mata Atlântica, utilizando o conceito do SAF, Sistema Agroflorestal.
Tudo começou em 2001, quando o assentado e seus filhos plantaram pé por pé árvores nativas de Mata Atlântica e exóticas e, nas entrelinhas, mudas de café e culturas anuais como mandioca, milho, abóbora, quiabo e feijão de corda. “A agrofloresta trouxe muita fartura para minha família e também aos meus vizinhos com doações e trocas. Sou nascido no Ceará, sou neto de índio, e as trocas fazem parte da nossa cultura”, contou com orgulho.
Com o passar dos anos, as árvores nativas adensaram, os pés de café cresceram, e o arranjo não é mais viável para as culturas anuais, que passaram a ser produzidas em outra área da propriedade. Segundo Iderval, o ideal seria manejar as árvores, até mesmo para aumentar a produtividade do café, mas ele escolheu não podar a agrofloresta por inúmeros fatores, o principal deles, a paixão pela floresta.
“É gratificante ter uma floresta no meu lote, aqui eu me alegro com o cantar dos pássaros, com as abelhas que vem polinizar as flores do café, com os animais como raposa, tatu, jaguatirica que andam por aqui”. Ele também destaca que a floresta plantada protege a plantação de café do ataque de pragas. Assim, o cultivo do café não recebe nenhum tipo de agrotóxico.
A agrofloresta do agricultor familiar vai muito além da produção de alimentos, abrigo para fauna, ela também é fonte da medicina caseira herança familiar que Iderval faz questão de preservar. Ele utiliza chá de folhas ou casca de algumas árvores para combater algumas enfermidades como dores no corpo, gripe, entre outras.
COLHEITA
Em 2023, a colheita já iniciou e a previsão é concluir até final junho. Segundo o assentado, a colheita é artesanal, ou seja, ele colhe de forma manual os grãos no ponto cereja, os grãos verdes serão colhidos somente quando estiverem maduros.
Este ano, estima-se colher, aproximadamente, 500 quilos de café em coco. Parte da produção é beneficiada e comercializada, inclusive com o IPÊ [PP1] e outra parte fica para o consumo e para as trocas.
CAFÉ COM FLORESTA
O assentado Iderval Alves da Silva faz parte do projeto “Café com Floresta” implantado pelo IPÊ em 2001. Neste período foram plantados pés de café, em meio as árvores nativas e exóticas, em uma área de um hectare. Posteriormente, em 2015, ele foi beneficiado por outra etapa do projeto, que recebeu recursos via Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias II – Acesso ao Mercado (PDRS) vinculado à Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SMA). No total, 51 famílias, divididas em 13 assentamentos, nos municípios Teodoro Sampaio, Mirante do Paranapanema e Euclides da Cunha Paulista, implantaram em seus lotes os Sistemas Agroflorestais sob a orientação dos técnicos do IPÊ.
[PP1]https://lojadoipe.org.br/produto/cafe-agroflorestal-do-pontal-do-paranapanema/