A expedição do projeto Tatu-Canastra, em agosto, teve participação especial de Gaia, um Pastor Belga Malinois fêmea, treinada pela bióloga Mariana Faria Corrêa, da Simbiota Consultoria Ambiental. A preparação do chamado “biocão” para a expedição começou em abril de 2013, com treinamentos que envolveram odores do tatu-canastra. “A experiência anterior de Gaia foi encontrar carcaças de aves e morcegos em parques eólicos, assim, o Pantanal foi um ambiente muito novo e diferente para ela. Devido ao calor, ela só pôde trabalhar algumas horas pela manhã e duas antes do anoitecer”, afirmou Arnaud Desbiez, coordenador do projeto.
Gaia em ação
Depois de alguns dias de treinamento no campo já no Pantanal, a treinadora Mariana, Arnaud e Rob Yordi (curador de operações no Zoológico Busch Gardens Tampa, que acompanhou a expedição) decidiram procurar Don, um tatu-canastra macho. No meio do caminho, encontraram uma toca de alimentação. “Mariana deixou Gaia ir e observou-a detectar um odor. Mas ela acabou andando na direção oposta à localização de Don. Mariana acreditava que era melhor para ela andar sozinha com Gaia. Rob e eu, portanto, as seguimos de uma distância segura”, contou Arnaud.
Como Gaia andou de uma ilha murundum para outra (ilhas de vegetação de cerrado com um cupinzeiro no meio), Rob e Arnaud seguiram pelo mesmo caminho. “Em um ponto, vimos uma toca e fomos checar. Para nossa surpresa logo atrás era um belo monte de areia fresca. Corremos para verificá-la e rapidamente percebi que estava recém cavada e ocupada! Apesar de Gaia não nos levar à toca, ela foi capaz de estabelecer uma direção e nos encorajou a investigar os arredores. Nós não teríamos procurado ali se não fosse por ela”.
Para o pesquisador, a experiência com Gaia foi promissora, embora ainda exija muito mais prática no campo para ser verdadeiramente eficaz. “O fato de os tatus gigantes serem tão raros também torna difícil encontrar odores. Outro desafio é o calor para Gaia. Toda essa experiência me deu uma visão totalmente nova para o uso de cães de trabalho. O relacionamento e a comunicação entre o treinador e o cão é fascinante. A devoção ao seu dono, o trabalho duro e concentração que tem quando se trabalha e, finalmente, a felicidade que ele mostra quando encontra o odor que procurava é surpreendente”, conclui.
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