::cck::732::/cck::
::introtext::
Prestes a completar 25 anos de atuação, a INCAB – Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira é responsável pelo mais completo banco de dados do mundo sobre a anta brasileira (Tapirus terrestris), com pesquisas de longa-duração desenvolvidas na Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal e Amazônia. Agora, em mais uma ação inovadora, a iniciativa tem como foco descobrir informações sobre as antas no ambiente urbano, mais precisamente na cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, local onde é frequente o aparecimento de antas, fora do meio silvestre.
“Apesar da frequência de avistamentos de antas, até o momento, não existem informações sobre a espécie em áreas periurbanas e urbanas de grande adensamento populacional humano”, afirma Patrícia Medici, coordenadora da INCAB, iniciativa do IPÊ.
Assim, os pesquisadores lançam agora um pedido à população de Campo Grande para que enviem informações, como local e data dos avistamentos das antas, para o biólogo da equipe, Felipe Fantacini: fantacini@ipe.org.br ou (67) 9-9337-0799.
A imprensa da região também poderá participar, se preferir, marcando o projeto @incab_brasil em eventuais posts sobre avistamentos.
“O envolvimento da população dessa forma é chamado de Ciência Cidadã e tem o potencial de contribuir com informações preciosas para a pesquisa”, comenta Felipe Fantacini.
As instituições e as pessoas mais envolvidas com a INCAB-IPÊ serão reconhecidas pelo comprometimento com a ciência e com a biodiversidade. “Esperamos também despertar o interesse pela espécie e pelo processo de pesquisa científica, pontos fundamentais para a conservação da anta brasileira”, completa Patrícia Medici.
A partir do levantamento do Projeto Antas Urbanas, em Campo Grande, os pesquisadores terão dados adequados para subsidiar o desenvolvimento e a implementação de estratégias de conservação da espécie com potencial de contribuir com a viabilidade desse grupo a longo prazo.
Sobre a pesquisa
Inicialmente, o estudo utilizará dados de avistamentos de antas no perímetro urbano de Campo Grande feitos pela Polícia Militar Ambiental (PMA), noticiados por veículos de comunicação locais, compartilhados por moradores da cidade e por gestores e funcionários das Unidades de Conservação e outras áreas verdes localizadas dentro dos limites do município.
A partir desses dados, a equipe da INCAB-IPÊ fará a elaboração de mapas sobrepostos a imagens de satélite para ilustrar os pontos de avistamento de antas. “Dessa forma, vamos estabelecer os hotspots de ocorrência e os locais com maior probabilidade de sucesso de captura”, explica Patrícia Medici. As áreas mais frequentadas serão os locais onde as capturas dos animais serão realizadas, tanto para a instalação de colares de monitoramento quanto para a realização de exames de saúde pela equipe de veterinários da INCAB.
Ciência na prática
A pesquisa prevê monitorar os animais durante 12 meses, por meio de colares que utilizam telemetria satelital. “A partir dessa tecnologia teremos a chance de saber mais sobre a movimentação dos indivíduos pela cidade e seus arredores e investigaremos o estado de conservação das antas na área em questão. O colar é programado para, após 12 meses, acionar um dispositivo de ‘drop-off’ e desprender-se automaticamente do pescoço do animal. O equipamento é resgatado pela equipe para recondicionamento. Caso o dispositivo não seja ativado automaticamente, os animais são recapturados para a retirada do colar manualmente”, explica a pesquisadora.
Espécie-chave para a conservação da natureza
A anta brasileira conhecida também como jardineira de floresta tem um papel central na conservação da biodiversidade, por ser expert na dispersão de sementes. A ciência ainda reconhece a anta como uma espécie guarda-chuva, uma vez que se adequadamente conservadas as áreas onde vivem isso trará benefícios para uma série de outras espécies. “A redução nas populações de antas pode levar a mudanças em cascata nas comunidades ecológicas ou até a perda das funções do ecossistema, que são fundamentais para a persistência de outras espécies, comunidades e do próprio ecossistema”, alerta o biólogo.
Nesse contexto, a coordenadora da INCAB-IPÊ, explica que o desmatamento e a expansão dos centros urbanos representam importantes ameaças para a conservação da espécie, resultando na fragmentação e perda da qualidade de seu habitat. “A intensa modificação dos ambientes naturais ao redor dos centros urbanos torna os animais ainda mais expostos aos conflitos com os seres humanos, com os atropelamentos e a transmissão de agentes infecciosos provenientes de animais domésticos exemplificando os riscos dessa interação”.
A anta brasileira integra a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza como espécie vulnerável à extinção. Ela também está na Lista Vermelha Nacional do ICMBIO – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, de espécies ameaçadas no bioma Cerrado.
::/introtext::
::fulltext::::/fulltext::
::cck::732::/cck::