Durante o evento, os participantes poderão realizar doações para a pesquisa e conservação da anta brasileira em vida livre e ganhar uma das obras em exposição
Sete antas artistas vão parar a cidade de São Paulo, na noite de 13 de dezembro, sexta-feira, na segunda edição do Evento Antas Pintoras. O evento é uma exposição de arte antológica promovida pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, por meio da INCAB – Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira. Serão expostas 38 telas pintadas por antas que vivem em cinco zoológicos norte-americanos, parceiros da INCAB-IPÊ. O evento será realizado na UMAPAZ, no Parque Ibirapuera, às 19hrs.
O principal objetivo do evento é desmistificar a percepção errônea da anta como um animal de pouca inteligência. O Brasil é o único país do mundo que utiliza a palavra “anta” de maneira pejorativa e essa visão prejudica os esforços de conservação dessa espécie ameaçada de extinção.
“O Antas Pintoras é, antes de mais nada, uma incrível e inusitada exposição de arte que visa disseminar e promover a causa da conservação da anta brasileira, a nossa Jardineira das Florestas, um animal enormemente responsável pela formação e manutenção da biodiversidade! O público brasileiro tem essa percepção errônea de que a anta é um animal desprovido de inteligência e isso predispõe as pessoas a não se envolverem com a sua conservação. A anta é uma espécie ameaçada de extinção e precisamos engajar as pessoas para que se importem com a sua sobrevivência e se sintam motivados a ajudar na conservação do maior mamífero terrestre da América do Sul que tem um papel fundamental na conservação da biodiversidade das florestas”, afirma Patrícia Medici, coordenadora da INCAB-IPÊ e idealizadora do Antas Pintoras.
Durante o evento, os participantes poderão realizar doações para a pesquisa e conservação da anta em vida livre e ganhar uma das peças em exposição.
Preparação das telas antológicas
As 38 telas que serão expostas no dia 13 de dezembro, em São Paulo, foram pintadas por sete antas diferentes, por meio de técnicas de enriquecimento ambiental – comumente utilizadas em animais sob cuidados humanos para estimular comportamentos naturais, como se alimentar, por exemplo. As antas artistas vivem em cinco zoológicos norte-americanos parceiros da conservação da anta na natureza: Brevard (Melbourne, Flórida), Brookfield (Chicago, Illinois), Houston (Houston, Texas), John Ball (Grand Rapids, Michigan) e Woodland Park (Seattle, Washington).
Dentre as sete antas artistas, quatro são antas centro-americanas (Tapirus bairdii): Josephine, Jezabel, Moli e Noah; duas são asiáticas (Tapirus indicus): Bintang e Ulan; e uma é a espécie brasileira (Tapirus terrestris): Sledge. Um dos artistas da noite, o Bintang preparou suas obras com o auxílio de sua cuidadora que pingou tintas orgânicas e comestíveis de diversas cores em uma tela sobre o chão e espalhou pedacinhos de frutas que ele gosta muito! Enquanto Bintang tentava comer as frutas também pintava!
A exposição também conta com 14 prints de fotografias de quatro fotógrafos de natureza brasileiros, incluindo Liana John – in memoriam, Luciano Candisani, Luiz Cláudio Marigo – in memoriam, e Daniel de Granville, além de duas ilustrações de Luccas Longo. Durante a noite, o artivista paulistano Fernando Berg estará pintando um mural de grandes dimensões, sobre tema relacionado à conservação da anta brasileira.
O surgimento do Evento Antas Pintoras
A ideia de “animais artistas” como embaixadores da conservação surgiu em zoológicos norte-americanos há algumas décadas, como parte de atividades de enriquecimento ambiental. Essas atividades são realizadas para estimular os comportamentos naturais de cada espécie sob cuidados humanos. Esses estímulos podem ter como alvo o enriquecimento social, alimentar, físico, sensorial ou ocupacional e todos auxiliam para o bem-estar animal.
Inicialmente, as espécies-alvo em tais programas eram primatas, sobretudo orangotangos e elefantes. Em conversas entre Patrícia Medici e um grande parceiro da INCAB-IPÊ nos Estados Unidos, o Zoológico de Houston, no Texas, veio a ideia de colocar também as antas para pintar!
A primeira edição do Antas Pintoras foi realizada em 2011, no Zoológico de São Paulo, uma parceria entre IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, Grupo Especialista de Antas da União Internacional para a Conservação da Natureza, Zoológico de Houston e o Zoológico de São Paulo. Durante o evento, 29 pinturas foram leiloadas em prol da conservação da anta em vida livre.
“Eventos similares já foram realizados no passado por zoológicos americanos em parceria com projetos de conservação de orangotangos e elefantes, mas em 2011 foi a primeira vez em que as antas foram as artistas! É uma maneira criativa de fazer com que os animais sob cuidados humanos contribuam para a sobrevivência e conservação de indivíduos da mesma espécie na natureza. Em inglês, o programa se chama Tapirs Helping Tapirs. Em português, Antas Ajudando Antas”, explica Patrícia Medici.