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A participação de voluntários em áreas protegidas tem crescido de forma exponencial. No Brasil, o voluntariado em Unidades de Conservação (UCs) federais acontece por meio do Programa de Voluntariado do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). Atualmente, 168 UCs e centros de pesquisa participam do programa. Em 2017 um levantamento registrou mais de 2.200 participantes e cerca de 103.000 horas de trabalho voluntário.
Para verificar a importância do voluntariado no dia-a-dia de uma UC, em parceria com o ICMBio, o IPÊ realizou uma pesquisa sobre a percepção dos gestores dessas áreas a respeito das motivações dos voluntários e os principais benefícios e desafios associados à atividade. O estudo complementa pesquisa realizada com os voluntários, publicada ainda em 2017, e aponta similaridades importantes entre a percepção dos voluntários e dos gestores das UCs.
“Os resultados dessa nova pesquisa permitem compreender a percepção dos gestores sobre as motivações dos voluntários e sobre os benefícios e desafios associados ao recebimento de voluntários nas UCs. O interessante é verificar que existe um alinhamento entre as percepções dos gestores e dos voluntários”, afirma Angela Pellin, pesquisadora do IPÊ e coordenadora do levantamento.
Na pesquisa de 2018, 38 gestores de 17 estados e representantes de 41 unidades organizacionais foram entrevistados. De acordo com a maioria, os voluntários são principalmente motivados pelo “Desejo de contribuir para a conservação da natureza” (66%). Para eles, os principais aspectos positivos associados ao programa de voluntariado são: a ampliação do conhecimento da sociedade em geral sobre a unidade e sua importância (57,8%), e a promoção de oportunidades de participação da sociedade na conservação da biodiversidade (50,7%). Os principais desafios destacados pelos gestores foram o tempo de dedicação aos voluntários (64,5%) e a falta de estrutura (57,9%).
Além do desejo de contribuir para a conservação da natureza, outras motivações foram citadas pelos gestores como relevantes para aquelas pessoas que escolhem ser voluntárias em UCs: a “Oportunidade de obter experiência profissional” (49%), o “Interesse em aprender algo novo” (40%), o “Interesse em conhecer melhor as atividades do ICMBio e da unidade” (37%), a “Oportunidade de enriquecimento pessoal” (34%) e o “Desejo de contribuir com a unidade onde realizou atividades” (29%).
“Na pesquisa de 2017, com os voluntários, eles também apontaram como relevantes a aquisição de novas experiências e o sentimento de que estão contribuindo com uma boa causa, para ampliação da divulgação de informações sobre as características e desafios dessas áreas e para a aproximação com as comunidades locais e sociedade de forma geral”, afirma Angela.
A pesquisa também demonstrou que o voluntariado nas UCs tem ajudado na melhora da relação dos gestores e da unidade com a comunidade do entorno, ampliando a possibilidade de desenvolver atividades diversificadas e a mão de obra disponível.
Com relação aos maiores desafios para a realização do voluntariado, existe uma diferença de percepção entre gestores e voluntários. Para os gestores, o tempo de dedicação aos voluntários e a falta de estrutura são os principais gargalos, seguidos por fornecimento de segurança aos voluntários (43,1%), a falta de conhecimento dos voluntários sobre a unidade e suas normas (29,9%) e a falta de conhecimento dos voluntários sobre as ações que irão desenvolver na unidade (25,7%).
“Já para os voluntários as principais deficiências relacionadas com a experiência de voluntariado nas UCs estão associadas à falta de infraestrutura e de divulgação de informações e comunicação com as unidades, à clareza em relação ao seu papel e atividades a serem realizadas e ao tempo dedicado ao voluntariado”, comenta Angela.
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