Crédito da foto principal: Rafaela Teixeira
No Brasil, cerca de 70% dos alimentos consumidos são produzidos por pequenos agricultores, segundo o IBGE. No mundo, esse índice é superior a 80%, segundo a Organização da Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO/ONU) que declarou de 2019 a 2028 a Década da Agricultura Familiar.
O modo de produzir dos pequenos agricultores que tem como característica o consórcio de diferentes culturas, além de fortalecer a segurança alimentar dessas famílias também favorece os serviços promovidos pela natureza, como água de qualidade e em qualidade e regulação do microclima, por exemplo, e contribui com a conservação da biodiversidade.
O IPÊ em diversos projetos tem como público-alvo os pequenos produtores rurais com objetivo de ampliar a produtividade dessas propriedades, o que traz benefícios nas esferas econômica, social e ambiental, incluindo maior resiliência diante dos efeitos das mudanças climáticas, como maior período de estiagem, por exemplo.
Ações nessa direção colaboram com ações nacionais e globais alinhadas a 7 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável:
– ODS 1 Erradicação da Pobreza
-ODS 2 Fome Zero e Agricultura Sustentável
– ODS 3 Água Potável e Saneamento
– ODS 11 Cidades e Comunidades Sustentáveis
– ODS 12 Consumo e Produção Responsáveis
– ODS 13 Ação Contra a Mudança Climática do Clima
– ODS 15 Vida Terrestre
Comprar é também uma escolha
Quando o consumidor opta por adquirir produtos locais cultivados por pequenos agricultores ele também fortalece e fomenta práticas sustentáveis com benefícios locais que respondem a desafios globais.
Saiba mais sobre como atuamos
Pontal do Paranapanema ( Teodoro Sampaio/SP)
51 famílias beneficiadas na região do Pontal do Paranapanema, no extremo oeste paulista pela implementação de Sistemas Agroflorestais (SAFs). Entre essas pessoas está a D. Sônia Moura que conta com um SAF de 600 árvores de 25 espécies, 400 dessas árvores são frutíferas, como laranja, limão e graviola que garantem sombra aos 2.600 pés de café. Entre as duas linhas de árvores Sonia conta com o café sombreado e agroecológico, além de alimentos de ciclos mais curtos, como batata-doce, amendoim, milho, feijão de corda, caxi, quiabo etc. A fartura é tamanha que o casal doa alimentos para os familiares, amigos e vizinhos.
Sonia já comercializou parte da produção com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), responsável pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) que contribui para aumentar a inserção dos assentados nas políticas públicas voltadas ao desenvolvimento rural.
Crédito da foto: Ana Lilian Pereira/IPÊ
Sistema Cantareira (SP e MG)
A assistência técnica voltada a sistemas produtivos sustentáveis tem transformado cerca de 50 pequenas propriedades da região do Sistema Cantareira. Entre essas propriedades 17 são consideradas unidades demonstrativas, propriedades-modelo consideradas referência em aliar produtividade no campo, com aumento da segurança hídrica e conservação da biodiversidade.
Considerando apenas as propriedades que implementaram Sistemas Agroflorestais que aliam culturas de ciclo curto, como milho, por exemplo, com produtos de ciclo longo e com maior valor agregado como o café, juçara e frutíferas nativas da Mata Atlântica (cambuci, araçá, grumixama, uvaia, pitanga) cerca de 20 tem recebido assistência técnica nessa direção. “Nós temos um ecossistema mais vibrante agora e assim aumentamos a produção de todos os itens já tínhamos e daqueles que acrescentamos”., conta Carlos Ramos, produtor rural de Camanducaia/MG.
Sistemas produtivos sustentáveis nessa região também desempenham o papel de contribuir com o aumento da absorção de água no solo, o que possibilita que mais água infiltre no solo na região do Sistema Cantareira, o que contribui com esse que é um dos maiores sistemas de abastecimento de água do mundo. As ações realizadas nessa direção são do projeto Semeando Água, uma iniciativa do IPÊ, que conta com uma série de parceiros.
Sul da Bahia
Crédito das fotos no sul da Bahia: Marcelo Delfino
Entre os 20 agricultores familiares e assentados que participaram do curso Planejamento de Agrofloresta, três deles tiveram os projetos desenvolvidos selecionados para receber apoio financeiro e mentoria na implementação de unidades demonstrativas de sistemas agroflorestais. Os três selecionados vivem no assentamento rural Nova Vitória, localizado em Eunápolis, sul da Bahia.
Patrícia Santos Amorim está implementando uma unidade demonstrativa de sistema agroflorestal com cacau e outras espécies frutíferas. Geiza Souza dos Santos já construiu a estrutura para a implementação de um viveiro para a produção de mudas nativas, de frutíferas, de Melaleuca, além de hortaliças.
Já Valdeny dos Santos Prado vai transformar em realidade o projeto de uma agrofloresta com melaleuca (Melaleuca alternifolia), araruta (aranta arundinacea), pindaíba (Xylopia sericea) e pitanga (Eugenia uniflora), além de mix de adubação verde (elemento de adubação e de produção de sementes). “Às vezes a gente tem uma terra grande e planta pouco, e com esse curso ajudou o que a gente planta muito em pouca terra”, conta o produtor.
O apoio é do Programa de Lideranças Ambientais, da Iniciativa de Treinamento e Liderança Ambiental da Universidade de Yale (ELTI-Yale), por meio do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, que tem como público-alvo pessoas que concluíram os cursos e treinamentos oferecidos pela ELTI-IPÊ na região do sul da Bahia.
O curso de campo foi oferecido em parceria com o Projeto de Desenvolvimento Socioambiental para Agricultura Familiar (DSAF) do Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica Pau-Brasil da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e o Instituto Fotossíntese, que também participam do apoio e mentoria às lideranças ambientais.
Bacia do Rio Doce/ES
Cerca de 100 agricultores familiares assentados dos municípios de Águia Branca e Alto Rio Novo/ES que participaram dos cursos de Sistemas Agroflorestais (SAFs) e Conservação Ambiental e Empreendedorismo para formação de associações são os beneficiados pela implementação em andamento de 200 hectares de Sistemas Agroflorestais (SAFs) e de restauração florestal planejados de maneira participativa. Sistemas produtivos locais têm potencial de além de fortalecer a segurança alimentar e gerar renda, responder ao programa de recuperação de APPs e recarga hídrica do rio Doce.
O curso realizado pela equipe do IPÊ que atua no projeto no Pontal do Paranapanema abordou um modelo de produção mais sustentável, que melhora a qualidade da produção e ao mesmo tempo conserva recursos naturais importantes para a região, como a água. Entre as espécies cultivadas nos SAFs estão cacau e café com foco na geração de renda e as culturas agrícolas para consumo e comercialização local, como feijão, milho, arroz e abóbora.
“Plantei uma parte de cacau e uma de bananeiral, estou contribuindo com o meio ambiente e ao mesmo tempo o SAF já está me dando renda”, revela Ademar Martins Vieira, que vive no assentamento Rosa de Saron, em Águia Branca/ES. A iniciativa tem financiamento da Fundação Renova e faz parte da linha de projetos Integração Escola e Comunidade, realizada pelo IPÊ e pela ESCAS, frente educacional do IPÊ.
Crédito: Rafaela Teixeira
Agroecologia e Sociobiodiversidade em rede: consolidação de arranjos produtivos locais no Amazonas
Com financiamento do Fundo Amazônia (BNDES), até 2028, o projeto aposta no potencial da cadeia de valor de base agroecológica e na produção orgânica de cinco municípios do Amazonas: Manaus, Rio Preto da Eva, Careiro da Várzea, Iranduba e Itacoatiara.
Entre as principais ações previstas pelo projeto estão: aumentar e diversificar a produção de orgânicos e as boas práticas agroecológicas na agricultura familiar, ampliar a infraestrutura e o faturamento dos negócios comunitários socioprodutivos, realizar certificação participativa da produção orgânica, criar capacidades de gerenciamento dos negócios comunitários socioprodutivos, fortalecer capacidade institucional das associações comunitárias, oferecer capacitações e assistência técnica, articular a comercialização em mercados privados, ampliar os pontos de feiras na cidade de Manaus, fomentar ações em rede sobre agroecologia e produção orgânica, articular a implementação de políticas públicas.
Crédito da foto: Ananda Matos/IPÊ