Por: Daniel Vinagre
Na foto: Júlia Cain Froeder (Mural do Clima Brasil), Lucas Romano (Mural do Clima Brasil), Andrea Pupo (IPÊ), JP Amaral (Instituto Alana), Semíramis Biasol (FunBEA), Suzana Padua (IPÊ) e Juliana Martins (Instituto IAMAR)
Em um contexto de crise climática, com eventos extremos mais intensos e frequentes, educação significa aproximar conhecimento, valorizar ações no território e promover experiências concretas com potencial de minimizar na esfera local os efeitos das mudanças do clima.
Com mediação de Suzana Padua, presidente e co-fundadora do IPÊ e da ESCAS, a escola do IPÊ, o debate Educação como base da mudança e engajamento social para enfrentar os desafios climáticos reuniu Andrea Pupo (IPÊ), Juliana Martins (Instituto IAMAR), JP Amaral ( Instituto Alana) e Semíramis Biasol (FunBEA).
Suzana Padua revisitou sua trajetória com educação ambiental, que teve início no Pontal do Paranapanema, e desde então se tornou um dos eixos estruturantes do IPÊ. “Na região, notamos um rápido processo de destruição do habitat do mico-leão-preto e entendemos que era preciso sensibilizar a comunidade. Começamos muito timidamente nas escolas e isso tomou um vulto muito grande. As crianças passaram a defender a natureza e depois trabalhamos com os adultos com um impacto muito profundo que mudou a percepção da comunidade”.
Múltiplos saberes
O reconhecimento dos saberes tradicionais também foi destacado por Suzana como uma urgência. “Nós não somos donos da verdade, somos aprendizes. “A ciência é prioritária, mas precisa caminhar junto com conhecimentos tradicionais.” Ao falar sobre a Amazônia, foi enfática. “A Amazônia está sofrendo. É um absurdo empobrecer um dos ecossistemas mais ricos do mundo. A gente precisa acordar para isso.”
Andrea Pupo apresentou o projeto Escolas Climáticas e ressaltou a capacidade da escola articular comunidade e território. “As escolas são o melhor equipamento social que a gente tem para trabalhar questões ambientais e climáticas”. Juliana Martins destacou o potencial de iniciativas que unem juventude, arte e conservação. “É muito bonito ver o crescimento dos jovens e como isso ajuda na autoconfiança e no vínculo com o território”.
JP Amaral relacionou educação climática e proteção das infâncias e defendeu que a educação seja tratada como setor estratégico. “Os impactos climáticos são desproporcionais para crianças. As escolas têm papel fundamental na adaptação climática e na proteção das comunidades”. Para JP, a COP30 marca um ponto de virada. “É histórico ver crianças participando de consultas e entregando cartas aos negociadores”.
Fechando o debate, Semíramis Biasoli reforçou a urgência para que o financiamento chegue à base. “Há uma multiplicidade de coletivos nos territórios, mas o recurso não chega”. A Rede Comoá, por exemplo, reúne 43 fundos independentes do Sul Global que atuam diretamente com educação, justiça socioambiental e defesa de direitos. “A COP 30 está abrindo caminhos para levar o financiamento às iniciativas que já existem e precisam ganhar escala”.