Cerca de 50 pessoas, assentados e produtores rurais, moradores dos municípios de Alto Rio Novo e Águia Branca, ambos situados no Norte do estado do Espírito Santo, estiveram em Teodoro Sampaio/SP, na região do Pontal do Paranapanema, extremo Oeste Paulista, na segunda quinzena de novembro/2022, para conhecer de perto o trabalho de campo da equipe de restauração florestal do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas.
A visita, segundo o coordenador do projeto ESCAS – IPÊ, Tiago Pavan Beltrame, faz parte do cronograma de implantação do projeto “Educação, Paisagem e Comunidade”, em terras capixabas. A ideia é replicar lá o trabalho que o IPÊ desenvolve no Pontal – nos assentamentos, nas fazendas e na comunidade. “Esse conhecimento in loco faz toda a diferença. Eles viram ao vivo e a cores na fazenda Rosanela, o maior corredor restaurado da Mata Atlântica com o plantio de 2,4 milhões de árvores nativas, os viveiros comunitários e os plantios de Sistema Agroflorestais (SAF’s) implantados por assentados da Reforma Agrária. Agora todas informações que coletaram serão adaptadas para a realidade deles”, explicou.
De acordo com Beltrame, a maioria dos visitantes cultiva em suas propriedades, de forma tradicional, o café Conilon. Porém, ao conhecer o plantio de café com floresta do assentado Francisco Gomes de Deus perceberam possibilidades em inovar suas plantações com a introdução de mudas de árvores nativas do bioma Mata Atlântica em meio aos pés de café. “As vantagens para a cultura são inúmeras, entre elas, a polinização de abelhas contribuindo para um aumento na produtividade”, pontuou.
Foto: Ana Lilian Pereira/IPÊ
A assentada Maria Teresa Alves, é um dos exemplos citados por Beltrame. Ela está levando na bagagem o sonho de plantar mudas nativas em meio a sua roça de cacau. “Acredito que ao investir no plantio de cacau sombreado terei um aumento de produtividade, além de garantir, a longo prazo, um solo mais rico em nutrientes”, relatou.
De acordo com Aline Souza, técnica do IPÊ, a programação da visita ofertou aos participantes conhecer os principais projetos implantados no Pontal, e seus respectivos atores sociais. “Eu sou observadora e vi brilho nos olhos dos visitantes ao conhecer os viveiros, as áreas de plantios, os corredores ecológicos. No entanto, as histórias de empreendedorismo, de persistência, de superação foram as mais motivadoras para os capixabas”, ressaltou.
O coordenador do projeto ESCAS – IPÊ, Eduardo Badialli, reforçou aos visitantes que os casos de sucesso do Pontal não começaram ontem, são longos anos de experiência. “Esse é o grande segredo, ir escalando passo a passo”, concluiu.
Novas Possibilidades – Na avaliação do especialista em restauração florestal da Fundação Renova, Eduardo Hocayen da Silva, conhecer os viveiros comunitários ampliou a visão dos visitantes. Segundo ele, os agricultores conseguiram enxergar que existem outras possibilidades além do café e viram diferentes realidades para se inspirarem. “Somente no Espírito Santo a Fundação tem demanda para restaurar 12 mil hectares de solo degradado, entre nascentes de rios e córregos da bacia do Rio Doce, além de áreas de recargas (topo de morro). Esse número aponta para um aquecimento no mercado de produção e venda de mudas nativas nos próximos anos”, diz.
Com os olhos voltados para a comercialização de mudas nativas, o projeto organizou no mês anterior uma oficina de implantação de viveiros comunitários, em quatro assentamentos do Espírito Santo. Clique aqui e leia a matéria completa.
O projeto ESCAS – IPÊ “Educação, Paisagem e Comunidade” é financiado pela Fundação Renova