Duas fotos de tatu-canastra do Projeto Tatu-Canastra, do Pantanal, foram selecionadas entre as melhores do ano pelo concurso da BBC Wildlife Camera-trap Photo of the Year 2014. A premiação é para fotografias tiradas por “cameras-trap”, ou seja, “armadilhas fotográficas”: câmeras colocadas em locais estratégicos em áreas naturais, para flagrar diversas espécies em seu dia a dia , suas atividades e seus comportamentos. Este ano, os prêmios principais ficaram para a imagem de um guepardo asiático (Iranian Cheetah), vencedor na categoria pesquisa e espécies raras, e um rinoceronte negro na Zâmbia, vencedor na categoria geral.
“Embora nós não tenhamos ganhado o prêmio principal, estamos muito felizes de estar entre os melhores, pois concorremos com quase 900 fotos. As imagens serão apresentadas na revista e esta é uma ótima maneira de promover e compartilhar a maravilha e a paixão que todos nós sentimos pelo o enigmático tatu-canastra”, afirma Arnaud Desbiez, pesquisador.
Esta foi a segunda vez consecutiva que o projeto teve fotos selecionadas entre as melhores pelo concurso. As câmeras são fundamentais para analisar e conhecer o comportamento do tatu-canastra. A espécie rara ainda não tem todo o seu comportamento mapeado, que vem sendo desvendado pelos pesquisadores com o decorrer dos estudos. Em 2012, por exemplo, as câmeras flagaram pela primeira vez o nascimento de um filhote da espécie. Mais recentemente, também foram as câmeras que indicaram que o tatu-canastra tem um grande papel na natureza, o de engenheiro do ecossistema, já que as tocas cavadas por eles servem de abrigo e vários outros usos para outras espécies, de quatis a onças pardas.
As fotos são de Isabel e seu filhote Alex, que é pesquisado há mais de 17 meses, desde o seu nascimento, pela equipe do projeto Tatu Canastra no Pantanal. De acordo com Arnaud, até a semana passada, o tatu Alex continuou a compartilhar território de sua mãe e, muitas vezes, dormem juntos na mesma toca. Os pesquisadores vão continuar as análises comportamentais para comprovar as hipóteses sobre seu comportamento.
“Acreditava-se que sub-adultos de tatus canastra dispersam de suas mães com 6 semanas de idade. Esta é uma estimativa com base em pesquisas de outras espécies. Mas já se passaram 17 meses desde que Alex nasceu e ele continua interagindo e compartilhando território de sua mãe. Embora ele forrageie sozinho , ele utiliza tocas que ela cava e só recentemente começou a cavar algumas tocas”, conta Arnaud.
Para o pesquisador, essa nova informação é extremamente importante e demonstra que os jovens tatus-canastra podem precisar de mais atenção para sobreviverem na natureza. “As fêmeas reproduzem muito pouco e cada animal é extremamente precioso. Isso explica por que os tatus gigantes foram extintos localmente em tantas áreas da sua distribuição . Nascem poucos filhotes e a remoção de qualquer indivíduo tem enormes consequências sobre a população”, diz.
Para saber mais:
http://www.discoverwildlife.com/gallery/bbc-wildlife-camera-trap-photo-year-2014-winners
Sobre o Camera-trap BBC Wildlife Foto do Ano 2014
O concurso Camera-Trap da BBC Wildlife Magazine Photo acontece há cinco anos. Em 2014, o prêmio foi para a fotografia mais marcante e para a imagem que tinha feito o máximo para fazer avançar a compreensão de uma espécie. O
painel de especialistas recebeu 877 imagens e selecionaram as principais.
Os prêmios de primeiro lugar ficaram com a imagem de um guepardo asiático (Iranian Cheetah), vencedor na categoria pesquisa e espécies raras, e um rinoceronte negro na Zâmbia, vencedor na categoria geral.