A ESCAS entrevistou o professor Richard Alves, mestre em desenvolvimento e gestão social e parte do corpo docente do Mestrado Profissional que acontece em Uruçuca/BA. Aqui ele nos fala um pouco sobre Economia Criativa e seus desdobramentos.
ESCAS: A UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) define a economia criativa como um conceito emergente que trata da interface entre criatividade, cultura, economia e tecnologia em um mundo dominado por imagens, sons, textos e símbolos. Como você discorreria mais detalhadamente sobre este tema?
Prof. Richard Alves: A Economia Criativa deve ser entendida, antes de mais nada, como uma possível estratégia de desenvolvimento para os territórios, ou seja, desde as cidades até as regiões ou mesmo os países podem fomentar o conjunto de potencialidades relacionadas à criatividade das pessoas. Quando falamos em criatividade, esta pode ser dividir em criatividade artística (expressa na diversas expressões culturais), criatividade científica (como forma de promover pesquisas aplicadas em vários âmbitos) e, ainda, a criatividade funcional (aplicada em áreas como design e arquitetura). Os ativos criativos geram oportunidades como a inclusão sócio-produtiva das pessoas com esses talentos e pela agregação de valor e competitividade aos negócios.
Considerando que até o Ministério da Cultura já possui um órgão específico (Secretaria da Economia Criativa) para propor políticas para a área em questão, o sr. vê, nesta vertente da economia, uma possibilidade de alcançar resultados mais abrangentes? De que forma?
Com a criação da Secretaria da Economia Criativa no âmbito do Governo Federal o Brasil demonstra claramente que entende agora o que países como Austrália e Inglaterra tinham percebido há cerca de 20 anos. Os setores criativos precisam de apoio das políticas públicas para que possam gerar ainda mais resultados para as nações. Naturalmente, Economia Criativa já tem grande importância, mas com mecanismos de fomento os benefícios podem ser ainda mais ampliados. Agora será necessário que os governos nas esferas dos estados e municípios também implementem iniciativas para o setor e que cada vez mais instituições empresariais e acadêmicas abracem esta causa.
Relacionando agora sua experiência neste tema com a proposta do Mestrado Profissional da ESCAS/IPÊ, fale sobre a disciplina que o sr. ministra para a turma de 2014, da Bahia.
É muito interessante trabalhar a temática de Economia Criativa para os alunos deste mestrado profissional pois, em sua maioria, são pessoas muito engajadas com o desenvolvimento dos locais onde vivem e trabalham. Como a Economia Criativa aborda basicamente uma estratégia de desenvolvimento mais sustentável através da valorização dos ativos culturais e criativos, o ambiente do mestrado se apresenta como um ponto muito apropriado para essas discussões. O que buscamos fazer é um alinhamento dos conceitos base e histórico da Economia Criativa no Brasil e no mundo, mas entendendo também a relação do ser humano com a criatividade e a importância do contexto sociocultural para o desenvolvimento das atividades criativas. Para uma sinergia com o tema central do mestrado abordamos conteúdos como a Agenda 21 da Cultura e como a Economia Criativa pode promover o desenvolvimento mais sustentável. Outro ponto que merece destaque é a discussão dos chamados Territórios Criativos e também das Cidades Criativas. Por fim, os alunos são convidados a desenvolver um exercício prático de pensar em propostas de Economia Criativa.
Qual é sua expectativa no que se refere à inserção do tem “Economia Criativa” nas instituições brasileiras de ensino?
Tem sido muito gratificante verificar o interessante recente das instituições de ensino na inserção da temática nos seus cursos. Isso demonstra uma sensibilidade e sintonia com temas emergentes que necessitam ser melhor aprofundados, pesquisador e discutidos no ambiente acadêmico.