O estudo integra uma pesquisa que busca avaliar os resultados obtidos com as ações de restauração florestal e conservação na Mata Atlântica no Pontal do Paranapanema, extremo Oeste do estado de São Paulo. Com os dados coletados, os pesquisadores vão analisar a efetividade das ações de restauração e conservação para os animais e identificar iniciativas de manejo que contribuam com a região.
A pesquisa faz parte do projeto “Desenvolvimento de Procedimentos Simplificados para a Valoração Econômico-monetária de Serviços Ecossistêmicos e Valoração Não Monetária de Serviços Ecossistêmicos Culturais Associados à Restauração Florestal”, uma parceria do IPÊ com a CTG Brasil, empresa de geração de energia limpa, por meio de um projeto de Pesquisa & Desenvolvimento – P&D da ANEEL.
A frente de Biodiversidade do projeto conta com a coordenação de Simone Tenório e com coordenação geral de Laury Cullen, ambos pesquisadores do IPÊ.
Para identificar a fauna presente na região, os pesquisadores associados ao projeto, com doutorado em andamento pela Unesp/Rio Claro, Rafael Souza Cruz Alves e Claudia Zukeran Kanda (foto) instalaram armadilhas fotográficas nos troncos das árvores a cerca de 60 cm de altura.
“Dessa forma será possível entender se os mamíferos estão passando pelas áreas restauradas, se realmente já utilizam essa área para sua sobrevivência”, pontua Claudia.
O resultado permitirá aos pesquisadores analisarem, a partir da presença dos animais, os avanços na conservação relacionados aos serviços da natureza prestados pelos animais. “Os animais vão ajudar a manter a saúde dos ecossistemas e das produções, contribuindo inclusive com o controle de pragas”, afirma Rafael Souza Cruz Alves.
Um exemplo disso, é a anta-brasileira (Tapirus terrestris), considerada a jardineira da floresta ao dispersar sementes com maior potencial de germinação. Florestas habitadas por antas têm maior diversidade de árvores, pois elas se movimentam por grandes distâncias dentro do seu habitat e também entre fragmentos de florestas (aproximadamente 500 hectares, cerca de 500 campos de futebol). “Áreas habitadas por antas possuem florestas e matas ciliares (nas margens dos rios) com mais qualidade e, consequentemente, estão mais preservadas. Essa restauração vai implicar na qualidade da água, pois diminui o aporte de solo (matéria orgânica particulada na água)”, explica Claudia.
Três cenários de estudo
No estudo com os mamíferos são analisadas 37 áreas em três cenários: nos fragmentos conservados, nos fragmentos restaurados e no maior corredor florestal restaurado no bioma, que conecta duas Unidades de Conservação, o Parque Estadual Morro do Diabo e a Estação Ecológica Mico-Leão-Preto. Cada área será monitorada por dois meses, durante três ciclos, totalizando, seis meses de captura de imagens.
Durante a instalação das câmeras, os pesquisadores encontraram vestígios, como pegadas e fezes, da anta brasileira (Tapirus terrestris), da onça-parda (Puma concolor) e da jaguatirica (Leopardus pardalis).