Crédito da foto principal: Felipe Pezarollo
Até 28 de fevereiro, é possível conferir a Fruteira Canoa Pintas de Arraias, do artesão Célio Arago, na exposição do 9º Prêmio do Objeto Brasileiro, no Museu A Casa, em São Paulo. A peça está entre as três premiadas na categoria Ação Socioambiental. Ao todo são 15 peças premiadas (categorias Autoral + Ação Socioambiental) e cinco menções honrosas.
Durante a abertura oficial da exposição realizada no sábado 23 de novembro, a frente de Educação do museu organizou uma visita guiada em que cinco artistas presentes puderam compartilhar o processo criativo e o que representa o Prêmio.
Andrea Peçanha, coordenadora da Unidade de Negócios Sustentáveis, representou Célio que não pode comparecer por questão de saúde. Andrea acompanha o trabalho do artista há mais de 10 anos. “Todas as peças desenvolvidas por Célio têm como ponto de partida as madeiras das árvores que ele encontra tombadas na floresta pela ação da própria natureza (vento, chuva) na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Puranga Conquista, onde vive na Amazônia. Outra fonte de matéria-prima é o reaproveitamento de barcos de madeira já condenados para uso. A inspiração é a natureza da floresta. Quanto à importância do Prêmio, em 2014, ele foi reconhecido no 4º Prêmio do Objeto Brasileiro e isso mudou a vida dele. Deu muita visibilidade ao trabalho que ele desenvolve, desde então Célio tem suas peças comercializadas em mais lugares. Com o prêmio deste ano, Célio deve obter ainda mais projeção”.
As obras que compõem a exposição foram avaliadas pelos seguintes critérios: originalidade, funcionalidade, estética e impacto social. A inspiração na Amazônia está entre as características destacadas pelas juradas quanto à peça de Célio. “Artesanato tem muito da pessoa, é uma conversa com a matéria-prima. Adoro a marchetaria da região Norte tem um requinte, uma técnica, além de um acabamento perfeito. A fruteira do Célio traz muito do dia a dia dele, as curvas da peça me rementem às canoas, aos caminhos dos rios da Amazônia, por exemplo”, revela Maria Izabel Branco Ribeiro, artista plástica e curadora. “Na peça do Célio é possível reconhecer a qualidade do trabalho artesanal e as potencialidades da natureza”, destaca Renata Mendes, designer e consultora no terceiro setor.
Ateliê-escola
Desde 2015, Célio compartilha os conhecimentos com os jovens que vivem na RDS Puranga Conquista. “Uma porcentagem de cada peça vendida é direcionada para uma reserva que tenho para que eu consiga manter uma oficina gratuita a cada três meses para os esses jovens. Desde 2019, ele conta com uma estrutura de ateliê-escola. O objetivo é que o artesanato se torne fonte de renda para eles. Cerca de 65 jovens – entre homens e mulheres – já passaram pelo ateliê-escola de Célio, 25 deles já comercializam as próprias peças. Das 500 famílias que vivem na RDS, cerca de 80% vivem do artesanato.
O IPÊ na Amazônia
Desde 2000, o IPÊ atua na Amazônia e, desde então, vem ampliando a abrangência de suas ações no bioma por meio de soluções integradas de conservação da biodiversidade, priorizando a participação social. Na década de 2010, o IPÊ apoiou a formalização e fortalecimento das organizações locais, com documentação para acesso a políticas. Célio Arago está entre os beneficiados dessa ação. Oficinas, cursos e intercâmbios fizeram com que ele desenvolvesse ainda mais suas habilidades como artesão, ofício que aprendeu com o pai.
Andrea Peçanha, coordenadora da Unidade de Negócios do IPÊ, conta que o projeto Navegando Educação Empreendedora, do IPÊ, em que Célio atualmente está entre os beneficiados, mapeou 300 negócios na RDS Puranga Conquista e identificou cerca de 50 com potencial de crescimento. “Desses 21 foram selecionados e passaram por orientação de profissionais voluntários que apoiaram os empreendedores em desafios sobre logística, comunicação, marketing, infraestrutura e contabilidade. Com esse trabalho notamos transformação real na comunidade. Com os negócios de impacto, a comunidade oferece inclusive atrativos para que os jovens queiram ficar e viver na RDS, algo essencial para a floresta, já que as áreas que apresentam os menores índices de desmatamentos são justamente essas em que vivem os povos da floresta”. O projeto conta com parceria do LinkedIn.
Exposição 9º Prêmio do Objeto Brasileiro
24 de novembro de 2024 a 28 de fevereiro de 2025
Quinta à domingo: 10:00 às 18:00
Museu A CASA do Objeto Brasileiro
Av. Pedroso de Morais, 1.216/1.234
Pinheiros
Entrada gratuita