Fotos: Claudio Martins
A aldeia Tukaya, localizada na Terra Indígena Xipaya, no Xingu, deu um passo importante em direção à inovação e sustentabilidade com a implementação de uma nova tecnologia para a produção de tecidos. A inauguração de uma vulcanizadora, equipamento que acelera o processo de secagem de tecidos encauchados, é fruto de uma parceria estratégica entre o LIRA/IPÊ – Legado Integrado da Região Amazônica, a Associação Indígena Aldeia Tukaya (AITEX), a Mercur e a Bossapack.
Essa inovação, construída com alumínio e plástico termoplástico, utiliza principalmente energia solar, acelerando o processo de secagem de tecidos encauchados de nove dias para apenas um. “Isso amplia a capacidade de produção e oferece maior estabilidade econômica para a comunidade”, explica Fabiana Prado, gerente do LIRA/IPÊ. Os tecidos encauchados, produzidos a partir de látex natural e algodão orgânico, são essenciais para a fabricação de mochilas e bolsas sustentáveis, que ganham destaque por sua resistência e durabilidade.
Impactos Econômicos e Sociais
A chegada da nova tecnologia está transformando a economia local. Antes, o látex bruto era vendido por R$ 4,25 por litro, mas agora, com o processo de vulcanização, o valor por litro chega a R$ 64, devido à alta qualidade dos tecidos. Além disso, o projeto envolve diretamente 30 membros da comunidade, principalmente jovens, gerando empregos e promovendo o desenvolvimento de habilidades.
As mulheres desempenham um papel central na pintura dos tecidos, utilizando pigmentos naturais como o urucum, fortalecendo sua participação econômica e social. Cada mochila produzida na aldeia carrega um QR code que conecta os consumidores à história e ao processo de produção, destacando a herança cultural e a sustentabilidade da aldeia.
Conservação da Floresta e Sustentabilidade
A produção de látex na aldeia Tukaya também contribui para a conservação da floresta. Cada estrada de seringa utilizada no processo requer a conservação de 150 hectares de floresta ao seu redor. No total, 12 estradas estão em uso, garantindo a proteção de 1.800 hectares de floresta. “Nossa ideia é expandir o modelo para outras aldeias, mantendo o foco na sustentabilidade e inclusão social”, afirma Cláudio Martins, sócio-fundador da Bossapack.
O Papel do LIRA na Conservação da Amazônia
O LIRA/IPÊ tem sido fundamental para viabilizar essa iniciativa, por meio de um financiamento de R$ 80 mil para a construção da estufa e a realização de oficinas na aldeia. Com um histórico de sucesso em projetos de conservação, o LIRA já beneficiou mais de 52 mil pessoas, conservando 58 milhões de hectares de floresta amazônica. “A colaboração entre tradição e inovação tecnológica faz deste projeto um exemplo de sustentabilidade e inclusão”, conclui Fabiana Prado.