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Até desembocar no oceano da cidade de Itacaré, na Bahia, o Rio de Contas, também chamado de Rio das Contas, percorre mais de 620 quilômetros desde a sua nascente na Serra da Tromba. No caminho, passa por 12 pequenas cidades, entre elas, Ipiaú. Ali, junto às águas do rio, nessa região que já teve o cacau como grande fonte de riqueza, Eritan Alves de Oliveira viu nascer seu interesse e engajamento pelas transformações socioambientais. Ele não fazia ideia, mas seus dias na beira deste rio, ao lado da mãe, que sustentava 11 filhos como lavadeira de roupas, serviriam de grande inspiração e motivação também na vida profissional.
“Minha mãe levava todos os filhos para a beira do rio, só assim poderia trabalhar e cuidar das crianças (…), ela dizia para nós que o estudo era a única coisa que ela poderia nos dar, e que só por este caminho conseguiríamos vencer. Foi disso que nasceu em mim o sonho de transformar a minha vida, da minha família e de ajudar os jovens que desejavam o mesmo”, conta Eritan.
E Giorgina, a dona Gió, como é carinhosamente chamada, tinha razão em dedicar-se ao futuro dos filhos por meio da educação. “Éramos conhecidos como ‘os moleques da avenida’. Em uma região de periferia, como a que nós morávamos, certamente eu teria sido um jovem que virou estatística da violência e vulnerabilidade social. A insistência da minha mãe em garantir nossos estudos, deu a mim e aos meus irmãos um novo caminho. Foi a nossa válvula de escape de uma realidade difícil”, reconhece.
Hoje, como gestor do Centro Territorial de Educação Profissional do Médio Rio das Contas, Eritan ajuda cerca de 630 jovens de 16 municípios que partilham do mesmo sonho de melhorar de vida por meio de uma boa formação. Para aperfeiçoar seu conhecimento na área socioambiental, Eritan buscou o Mestrado Profissional da ESCAS, no sul da Bahia. Envolvido em variadas iniciativas e sempre preocupado em proporcionar oportunidades para cada vez mais pessoas, ele trabalha com a proposta de neutralização do dióxido de carbono emitido pelos ônibus que levam os alunos até a escola e, junto com eles, já trabalha para a criação do Núcleo de Gestão Ambiental. Além disso, faz parte da Associação de Moradores e trabalha junto à comunidade para a conscientização de todos para a conservação do Rio de Contas. “É triste falar para nossas crianças hoje não nadarem em um rio que fez parte da minha infância. Mineração e poluição afetaram muito as suas águas durante anos. Como parte de meu projeto no Mestrado, quero estudar como iniciar uma mudança, revitalizando o rio, restaurando a mata ciliar, junto com a comunidade”.
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