Vinte e três pessoas – entre servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), funcionários da empresa concessionária Benevides Madeiras, voluntários do Instituto Federal do Pará (IFPA) e comunitários residentes na Floresta Nacional (FLONA) de Caxiuanã – participaram em julho do primeiro Curso de Capacitação do Programa Nacional de Monitoramento da Biodiversidade, que marca o início do Programa Monitora/ICMBio na Floresta Nacional de Caxiuanã, localizada nos municípios de Portel e Melgaço, no Pará. O curso teve como objetivo capacitar monitores para realizar a implantação e coleta de dados do monitoramento da biodiversidade em uma unidade de conservação com atividade de concessão florestal. A ação é do componente Monitoramento da Biodiversidade, do Projeto “Estratégia Brasileira para o Voluntariado no Manejo Integrado do Fogo em Áreas Protegidas”, uma iniciativa do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas com apoio financeiro e técnico do Serviço Florestal dos Estados Unidos e em parceria com o ICMBio, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Serviço Florestal Brasileiro.
Durante 10 dias, de 19 a 28 de julho, o curso reuniu como orientadores: Marcelo Reis, da Coordenação de Monitoramento da Biodiversidade, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (COMOB/ICMBio), Onildo Marini, do Centro Nacional de Avaliação da Biodiversidade e de Pesquisa e Conservação do Cerrado (CBC/ICMBio) e Fernanda Santos, pesquisadora em campo pelo IPÊ e que também atua no Museu Paraense Emilio Goeldi (IPÊ/MPEG). A iniciativa possibilitou implementar três protocolos básicos: Plantas Arbóreas e Arborescentes; Mamíferos e Aves; Borboletas frugívoras – e também o protocolo avançado de Armadilhas fotográficas (TEAM) para Mamíferos e Aves.
Débora Lehmann, que coordena o componente Monitoramento da Biodiversidade em Concessão Florestal do Projeto Estratégia Brasileira de Voluntariado no Manejo Integrado do Fogo/IPÊ, conta sobre o avanço obtido no primeiro semestre do projeto. “Em fevereiro deste ano, durante oficina, fizemos o desenho amostral para a Flona de Caxiuanã e já conseguimos realizar o curso e a primeira campanha de coleta de dados em seis meses, o que demonstra a coesão e alinhamento do grupo de especialistas em monitoramento da biodiversidade dos Centros de Pesquisa do ICMBio, do Serviço Florestal Americano (US Forest Service -USFS), MPEG e IPÊ. Em média, esse processo entre a oficina e a realização dos protocolos costuma levar em média um ano e meio. Durante o curso, todos os participantes tiveram oportunidade de executar cada protocolo por pelo menos uma vez, já que as aulas teóricas tiveram sequência com treinamento em campo seguido da primeira coleta de dados”.
Simone Rabello,analista ambiental e Chefe NGI Breves/ICMBio – Flona de Caxiuanã, Pará, conta sobre a importância da realização do projetona unidade de conservação em questão.“O monitoramento da biodiversidade em áreas destinadas ao manejo madeireiro, através da concessão florestal é muito importante. O monitoramento servirá para atestar e verificar o real impacto de tal atividade sobre a conservação da área protegida. Sendo assim, as respostas apresentadas pelo Programa Monitora irão nortear, de forma segura, as ações de conservação empregadas pelo ICMBio e seus parceiros, os concessionários e a população local. Para além do estudo sobre a conservação da biodiversidade, o Programa oportuniza a aproximação e integração da equipe de gestão do ICMBio com a população local. A presença institucional de forma positiva no território aguça a curiosidade, proporciona momentos singulares de educação ambiental e riquíssimas trocas de conhecimento”.
Gerald Nascimento, técnico local do IPÊ, morador de Caxiuanã que participou do curso, destaca a importância da formação para os comunitários. “Tive a melhor impressão sobre o curso, porque o Monitora trouxe a oportunidade de incluir a comunidade pra participar desse grande projeto de pesquisa da Flona, com isso incentivar o comunitário a conservar ainda mais a Flona, a minha expectativa sobre o Monitora é que a gente vai poder saber o que está acontecendo dentro da Flona, com as espécies de plantas e animais e muito mais…”
Fernanda compartilha os resultados já obtidos por conta da realização do curso seguido da coleta e antecipa os próximos passos. “Foram percorridos 80 km para o protocolo de Mamíferos e Aves, no qual registramos todos os animais observados em trilhas de 5 km na floresta. Também foi possível avançar com a primeira etapa do Protocolo de Borboletas Frugívoras, através da instalação de 48 armadilhas de borboletas, o que nos possibilitou capturar, fotografar, identificar as espécies e soltar os animais. Implementamos a metodologia da Cruz de Malta do Protocolo de Plantas, no qual medimos as árvores presentes em parcelas delimitadas a fim de compreender a estrutura da floresta. Sobre o protocolo avançado de Mamíferos e Aves, foram instaladas 60 armadilhas fotográficas, que cobrem cerca de 170 km², as quais ficarão em campo por 30 dias. Após esse período, analisarei as imagens em uma primeira triagem e enviarei esse material para validação do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP/ICMBio), também parceiro do projeto”.