Taiza Bruna Medeiros, 29, produtora rural e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras rurais de Alto Rio Novo/ES é uma das 50 pessoas que enfrentou quase 30 horas de viagem do Norte do estado do Espírito Santo até o Teodoro Sampaio (SP), em busca de conhecimento. Ela participou de um intercâmbio, visitando projetos implantados pelo IPÊ em áreas de Sistemas Agroflorestais (SAFs), corredores ecológicos, viveiros comunitários e conservação da biodiversidade na região do Pontal do Paranapanema, extremo Oeste Paulista.
Ao ser questionada sobre o que vai levar do Pontal para o Espirito Santo, ela é rápida na resposta: alternativas para fixar a juventude no campo. “O êxodo rural é uma triste realidade no sertão capixaba. Com a visita percebi que os viveiros comunitários com a produção de mudas nativas, a restauração florestal e os SAF’s oferecem um leque de possibilidades econômicas para que os jovens possam permanecer no campo”, comentou.
Segundo Taiza, há anos a diretoria do Sindicato busca opções para a sucessão familiar no campo. Com a visita, ela descreve que viu na prática modelos de empreendimentos rurais que podem ser adaptados a realidade do Espírito Santo e tornar a zona rural mais atrativa financeiramente. “Conhecer os projetos do IPÊ reforçou minha ideia de que é possível manter a juventude no campo, gerando emprego e renda de forma sustentável”, relatou com um grande sorriso no rosto.
Quem também está indo embora do Pontal cheio de ideias é André Luís Ribeiro, 21. Ele cresceu vendo o pai e o avó produzirem de forma tradicional o café Conilon. Porém, ao conhecer as áreas de SAFs, plantio de café em meio a árvores nativas do bioma Mata Atlântica, nos lotes dos assentados Nivaldo Moura e Francisco Gomes de Deus, observou que pode replicar esse modelo de plantação na propriedade da sua família.
Na opinião do jovem, seus familiares poderão ter inúmeros benefícios ao introduzir mudas nativas no plantio já existente de café. Entre as melhorias, Ribeiro destaca a redução de gastos com irrigação, pois a sombra das árvores deixará o solo úmido por mais tempo e os agricultores terão qualidade de vida ao trabalharem na sombra. Além disso, o valor da saca de café agroflorestal é superior ao café tradicional. “Vou voltar para minha terra não só com ideias, mas com exemplos reais de projetos bem-sucedidos”, disse.
Como Taiza e Ribeiro, a maioria dos visitantes está retornando ao Espírito Santo não somente com grandes ideias, mas levando conhecimentos que adquiriram na prática, pois também participaram de uma aula sobre produção de mudas nativas com Valter Ribeiro Campos, agricultor e proprietário do viveiro-escola Alvorada, atendido pelo projeto Corredores de Vida, do IPÊ.
A aula foi um passo a passo desde a coleta da semente nas árvores matrizes até a muda estar pronta para plantio no campo. Na avaliação de Campos, os visitantes podem adequar o que aprenderam aqui a realidade local, por exemplo, como a maioria é produtora de café Conilon, é possível ter um viveiro voltado somente para essa cultura ou até mesmo produzir um mix de café e mudas nativas.
André que já estava cheio de ideias, após essa aula guardou mais essa orientação na sua bagagem do conhecimento. “Implantar um viveiro de mudas na propriedade da minha família é um sonho que poderei realizar no futuro”, concluiu.
Intercâmbio – O objetivo da visita, segundo Tiago Pavan Beltrame, coordenador do projeto ESCAS – IPÊ “Educação, Paisagem e Comunidade”, é conhecer na prática os projetos que o IPÊ desenvolve nos assentamentos, nas fazendas e na comunidade, na região do Pontal do Paranapanema e replicar no sertão capixaba.
O projeto ESCAS – IPÊ “Educação, Paisagem e Comunidade”, no Espírito Santo, é financiado pela Fundação Renova