Pistolas de ignição de fogo são equipamentos de última geração para proteção do bioma
A Amazônia foi o bioma que mais sofreu com as queimadas nos dois primeiros meses de 2023. Com 487 mil hectares atingidos pelo fogo, a área representa 90% de tudo o que queimou no país no primeiro bimestre. Os dados foram divulgados em março pelo MapBiomas.
Cenário como este fez com que se tornasse urgente a aquisição de novos equipamentos de combate ao fogo. Segundo Paulo Russo, coordenador-geral da Coordenação Geral de Proteção do ICMBio, a utilização de tecnologia para controlar incêndios, juntamente com uma parceria entre o Poder Público e organizações privadas, amplia a participação da sociedade na gestão de áreas importantes, como as unidades de conservação (UCs). “Essas áreas oferecem serviços ecossistêmicos valiosos, e a proteção delas é responsabilidade compartilhada entre o governo e a sociedade. Juntos, devemos buscar estratégias e soluções técnicas para aprimorar a gestão desses territórios”, afirma.
Assim a Coordenação de Manejo Integrado do Fogo – COMIF, do ICMBio, em parceria com o LIRA / IPÊ (Legado Integrado da Região Amazônica, do Instituto de Pesquisas Ecológicas) tornou prioridade a compra, testagem e desenvolvimento de protocolos voltados para o uso de pistolas de ignição de fogo à distância.
Na sexta-feira (14/04), houve a entrega dos equipamentos ao ICMBio durante o evento de Voluntariado do Manejo Integrado do Fogo, organizado pelo IPÊ, que contou com a presença de autoridades, representantes de organizações da sociedade civil e de comunidades locais. “O uso dessas ferramentas nos permitirá avançar no manejo do fogo e na prevenção de grandes incêndios florestais. Estamos animados com a possibilidade de contar com essa tecnologia nas atividades de campo e de fortalecer as ações de conservação nos territórios”, disse a bióloga Fabiana Prado, coordenadora do LIRA / IPÊ.
O que é o manejo integrado do fogo (MIF)
O Manejo Integrado de Fogo (MIF) é uma abordagem que envolve aspectos ecológicos, culturais, socioeconômicos e técnicos relacionados ao fogo com a finalidade de minimizar os danos e maximizar benefícios aos ambientes naturais e às populações locais. As atividades do MIF incluem trabalho de sensibilização sobre o uso cultural e socioeconômico e o papel ecológico do fogo, mobilização social, prevenção de incêndios, queimas controladas e prescritas, detecção e combate a incêndios florestais, além da reabilitação de ecossistemas e mitigação de danos.
Fogo contra fogo
Queimas prescritas, também conhecidas como fogo controlado, são práticas de manejo do fogo que envolvem a queima intencional e controlada de áreas de vegetação para fins específicos, como a prevenção de incêndios florestais, a manutenção da biodiversidade e a melhoria da saúde dos ecossistemas. Essa técnica é realizada por profissionais treinados e experientes, seguindo um planejamento rigoroso e levando em consideração fatores como a umidade do solo, direção do vento e umidade relativa do ar para garantir a segurança e efetividade da queima.
“As pistolas de ignição à distância são dispositivos para apoiar as queimas prescritas em UCs federais. Foram doadas duas, uma com sistema de lançamento com mola e outra com ar comprimido. O objetivo desses dispositivos é iniciar a ignição próximo de despenhadeiros, do outro lado de margens de rios, em lugares parcialmente alagados, fazendo com que os deslocamentos dos profissionais sejam facilitados”, diz João Paulo Morita, coordenador da COMIF/ICMBio.
O próximo passo para avançar com esse projeto, será o estabelecimento de protocolo de testes e de registro, áreas e responsáveis e cronograma de atividades, para que seja possível iniciar a fase de testagem em campo e uso das pistolas de pressão. Com isso, o LIRA / IPÊ espera fortalecer suas ações de conservação e proteção da floresta amazônica, contribuindo para a conservação da biodiversidade e o combate aos incêndios. Os testes e protocolos devem considerar os diferentes contextos, e dar diretrizes para a capacitação de brigadistas.