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Estimar o grau de vulnerabilidade de espécies da fauna é o trabalho de milhares de pesquisadores em todo o mundo. Tais estudos são de alguma forma sintetizados na Lista Vermelha global das espécies, pela UICN – União Internacional pela Conservação da Natureza, uma organização internacional que há anos, com suporte de cientistas de diversos países, traz um panorama do status de sobrevivência e do risco de vida das espécies. Hoje, esse risco está estimado para mais do que 105 mil delas. Para chegar aos resultados que indicam o grau de ameaça, a UICN utiliza estudos que consideram extensão de ocorrência (EOO) e área de ocupação (AOO) das espécies, criando, assim um mapa de distribuição delas em diversos biomas do mundo.
Na última década, porém, a Ciência viu uma explosão na disponibilidade de dados sobre o planeta, especialmente os coletados por satélite, que conseguem capturar elevação e cobertura do solo, índices que podem indicar, por exemplo, onde é mais perigoso para um animal viver. “Temos a oportunidade de mostrar as áreas com condições adequadas para a sobrevivência de espécies, mas que ainda não foram identificadas a partir de pesquisas de campo. Isso é interessante para utilizar como recurso na avaliação do status de sobrevivência de espécies”, afirma Clinton Jenkins, pesquisador do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas.
Cientistas de diversas organizações e universidades do mundo propuseram aplicar esses múltiplos dados ao mapeamento da distribuição de espécies já conhecido e utilizado pela UICN, usando diferentes técnicas e terminologias analíticas. O resultado do encontro desses dados gerou os agora chamados mapas de Áreas de Habitat (AOH), que indicam não apenas onde as espécies foram vistos no campo, mas onde elas poderiam viver de maneira mais segura. Na edição de outubro de “Trends in Ecology and Evolution“, pesquisadores liderados pelo Dr. Thomas Brooks, cientista-chefe da UICN, explicam essa nova metodologia que já gerou mapas de Área de Habitat para mais de 20.000 espécies de mamíferos, aves e anfíbios, combinando dados da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN com dados detectados remotamente.
Além de Clinton Jenkins, do IPÊ, representante do Brasil, o estudo reuniu cientistas da Universidade Duke Kunshan (China); do Wildlife Trust (Índia); Universidade de Roma La Sapienza (Itália); a Universidade de Stellenbosch (África do Sul); ETH Zürich e UICN (Suíça); BirdLife International, Sociedade Real para a Proteção de Aves e Sociedade Zoológica de Londres (Reino Unido); e Microsoft, Duke University, e Stony Brook University (EUA).
O mapeamento de Área do Habitat não é apenas um exercício científico: é também importante e oportuno para a política e prática de conservação. Em novembro de 2020, os governos do mundo se reunirão em Kunming, China, para negociar uma “estrutura de biodiversidade pós-2020” para proteger e recuperar a vida na Terra. Essa estrutura acolherá contribuições de todos os setores da sociedade para deter a perda de biodiversidade e promover a restauração.
(Foto: Natalia Ocampo-Peñuela)
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