A terceira edição de 2023 mobilizou mais de 100 pessoas – entre prestadores de serviço nas áreas de plantio e manutenção de florestas, viveiristas comunitários, professores, representantes de instituições privadas e públicas nas esferas federal, estadual e municipal – todas interessadas em saber mais sobre as ferramentas utilizadas no monitoramento da biodiversidade e os benefícios dessa pesquisa. A iniciativa é do Projeto ARR Corredores de Vida, uma parceria entre IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e a Biofílica Ambipar. Desta vez, o encontro promovido na segunda quinzena de setembro, ocorreu na sede do Parque Estadual Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio/SP.
Sexta ConsCiência é inspirada nas Manhãs com Ciência organizadas pelo IPÊ desde 2004, no Pontal do Paranapanema, no extremo Oeste Paulista, com o objetivo de compartilhar os desafios, avanços e aprendizados das pesquisas com todos os envolvidos; aproximando na prática a comunidade das ações realizadas pelo Instituto na região.
Resultados da pesquisa
Com o tema Restauração Ecológica: o Monitoramento da Biodiversidade, Metodologia e Resultados, Carolina Biscola, pesquisadora associada ao IPÊ, compartilhou os resultados obtidos com o monitoramento passivo da fauna, por meio de cameras trap e gravadores. “Ambos os equipamentos são instalados em árvores a uma altura de 60 centímetros do chão. As cameras trap capturam imagens de mamíferos, como anta brasileira (Tapirus terrestris), onça parda (Puma concolor), onça pintada (Panthera onca), entre outros. Enquanto os gravadores de som registram as vocalizações de primatas, com destaque para o mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), além de pássaros, morcegos e anfíbios. Ambos os equipamentos são instalados nos Corredores de Vida, no Parque Estadual Morro do Diabo (PEMD) e na ESEC Mico-leão-preto”.
O período de monitoramento das câmeras é de dois meses, já o dos gravadores é de 21 dias. Na sequência, os pesquisadores retiram os equipamentos, descarregam o material em plataformas específicas e comparam se os animais que ocorrem nas áreas de florestas nativas são os mesmos ou diferentes dos registrados nas áreas de restauração. “A vantagem do monitoramento passivo é que não há interferência humana no comportamento desses animais, além dos pesquisadores conseguirem monitorar várias espécies em diferentes áreas e pontos”, disse Carolina.
Com o estudo, o grupo já identificou 174 espécies de aves, 27 espécies de mamíferos, 6 espécies ameaçadas de extinção, com destaque para o mico-leão-preto, araponga, arara vermelha, tamanduá bandeira, entre outros.
Para Haroldo Borges Gomes, coordenador de campo do IPÊ, pesquisas como essa possibilitam mensurar um outro aspecto da restauração. “Os dados do monitoramento são a prova que a restauração florestal traz vantagens para a biodiversidade”.
Lilian Blume Moraes, diretora escolar da rede municipal, destaca que é importante a comunidade escolar participar da Sexta ConsCiência, dessa forma é possível reconhecer conteúdo prático e trabalhá-lo em sala de aula. “A palestra da Carolina nos trouxe muito aprendizado e ouvir o som da anta brasileira no gravador foi muito emocionante. Vamos levar esse conteúdo para os alunos, afinal eles são os multiplicadores da educação ambiental com seus familiares e sua comunidade”.