O projeto Voluntariado no Manejo Integrado do Fogo, realizado pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, deu mais um passo para a construção da estratégia federal de voluntariado no Manejo Integrado no Fogo (MIF). Nos últimos dias 11 e 12 de agosto, em Alter do Chão, no Pará, aconteceu a 2ª edição do Encontro de Boas Práticas no Voluntariado para Conservação e Ação Climática – com uma edição temática voltada para o Manejo Integrado do Fogo – MIF. O evento reuniu representantes de organizações da sociedade civil, do governo federal, parceiros e voluntários de várias partes do Brasil que atuam com o Manejo Integrado do Fogo e diversas práticas de conservação ambiental.
“O encontro foi uma oportunidade para compartilhar boas práticas, debater e trocar aprendizados com diversos profissionais sobre os desafios do voluntariado no MIF em todo o país”, afirma Angela Pellin, coordenadora do projeto.
Além de proporcionar um intercâmbio de conhecimentos entre os diferentes atores e coletivos que atuam com voluntariado em conservação ambiental, Angela explica que o objetivo do encontro é usar todas essas informações para subsidiar a construção da estratégia federal de voluntariado no Manejo Integrado no Fogo.
“A gente espera que todas as ideias compartilhadas aqui sejam transformadas, de fato, em aprendizados e instrumentos de políticas públicas que resultem em maior segurança, melhor qualificação e melhor efetividade das ações desses grupos em todo o Brasil”, destaca.
Para Luiz Suruí, integrante da Brigada Indígena Paiter Suruí, de Rondônia, as trocas de experiências realizadas no encontro fortalecem e incentivam a criação de novas brigadas voluntárias no país. “Ouvir os relatos de brigadistas de outros territórios e outros biomas nos ajuda a avaliar o nosso trabalho, rever as nossas ações e entender como a nossa atuação no Manejo Integrado de Fogo pode ser melhorada”, avalia.
A avaliação de Luiz sobre o evento também é compartilhada pela indígena Tainan Kumaruara, integrante da Brigada comunitária Guardiões do Território Kumaruara, no Pará. “A nossa brigada é recente. Começamos a atuar com ações de prevenção e combate a incêndio florestal há menos de um ano. Por isso, fazer parte desse encontro é uma excelente oportunidade de trocar experiências e aprender mais sobre esse tema. É através dessas trocas de aprendizados que conseguimos identificar os nossos erros e acertos. Isso é fundamental para construir políticas públicas e principalmente marcar território”, ressalta Tainan
João Paulo Morita, titular da Coordenação de Manejo Integrado do Fogo (CMIF), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), um dos parceiros do projeto, afirma que o encontro é uma oportunidade de colocar a sociedade civil no centro de um debate importante para a conservação ambiental no país. “Escutar os brigadistas e as pessoas que promovem as iniciativas de voluntariado no Manejo Integrado do Fogo no Brasil faz toda a diferença na construção dessa estratégia federal”.
O coordenador do CMIF também ressaltou que o evento ajuda a dar visibilidade para as iniciativas de MIF espalhadas pelo Brasil. “A gente precisa que as pessoas entendam a importância desse tipo de manejo para a conservação das florestas. Por isso, apoiamos e incentivamos espaços como esse que nos ajudam a entender mais a dinâmica, a funcionalidade e o contexto do manejo do fogo para o meio ambiental”, afirma Morita.
Reconhecimento
A escolha de Alter do Chão para sediar um encontro nacional para discutir o voluntariado no Manejo Integrado do Fogo é simbólica. Em 2019, integrantes da Brigada de Alter do Chão, organização que atua no combate a incêndios na região, foram acusados de provocar queimadas que destruíram parte de uma Área de Proteção Ambiental (APA) em Santarém, com o intuito de atrair doações de entidades ambientalistas.
As acusações infundadas não foram comprovadas, os brigadistas foram soltos e o episódio ampliou as discussões sobre o fortalecimento das brigadas voluntárias do país.
Para reforçar a importância da Brigada de Incêndio Florestal de Alter do Chão para o Voluntariado para Conservação e Ação Climática no Brasil, o IPÊ e o ICMBio entregaram ao grupo uma placa de reconhecimento ao trabalho e dedicação na prevenção e combate aos incêndios florestais na região do Baixo Tapajós, no Pará. A homenagem aconteceu no último domingo, 13/08, durante uma roda de conversa com os brigadistas.
Para João Romano, integrante da Brigada de Alter, a homenagem é o resultado do empenho e da seriedade do grupo que, mesmo nos momentos de dificuldade, sempre acreditou e defendeu a conservação ambiental, através de diversas ações de prevenção e combate aos incêndios florestais na região. “É muito gratificante receber esse reconhecimento num evento tão especial como esse, que reúne governo federal, entidades do terceiro setor, brigadas voluntárias e comunitárias. Isso só reforça o quanto essa nossa luta vale muito a pena”.
Visita técnica a unidades de conservação
Após a programação oficial do Encontro, representantes do IPÊ e das instituições parceiras da iniciativa visitaram duas unidades de conservação da região do Tapajós para acompanhar o trabalho de educação ambiental, mobilização comunitária e as práticas de prevenção e combate a incêndios nesses territórios. As visitas ocorreram na Floresta Nacional do Tapajós e na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns.
2º Encontro de Boas Práticas
O Encontro contou com o apoio do Projeto Voluntariado no Manejo Integrado do Fogo, realizado em parceria com a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, a Coordenação de Manejo Integrado do Fogo (CMIF) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Além disso, foi apoiado pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS), por meio do Programa Manejo Florestal e Prevenção de Fogo no Brasil da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAI