O papel da economia para conservar a biodiversidade, plataformas e outras ferramentas para a natureza foi assunto de encontros do GT (grupo de trabalho) sobre bioeconomia e economia verde e azul na COP15. O IPÊ participou como palestrante em um deles, no dia 15 de dezembro, em evento promovido pelo Estado de São Paulo e Comunidade de Madri. O encontro teve presença de representantes da Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado de São Paulo, CAF, ICLEI, Secretaria de Meio Ambiente de Campinas e CEBDS.
O painel foi uma sequência da WBio2022, realizada na cidade de São Paulo em junho, com pesquisadores de universidades, institutos e organizações, além de representantes governamentais e não-governamentais, de 25 países, que refletiu sobre a biodiversidade e práticas locais e subnacionais com potencial de serem replicadas e que pudessem apoiar a consolidação do Marco Global de Biodiversidade (GBF).
Participação social como chave
No debate do dia 15, a coordenadora de projetos Cristina Tófoli apresentou alguns resultados de projetos do IPÊ, como as mais de 5.000 pessoas beneficiadas pelas ações do IPÊ na Amazônia com o LIRA e o Monitoramento Participativo da Biodiversidade. À frente do “Monitoramento Participativo da Biodiversidade”, ela defende a participação social por meio de atividades que integrem as comunidades locais à gestão das áreas protegidas e conservação da biodiversidade da Amazônia.
“A inclusão social também passa pela compreensão do ambiente onde estamos inseridos e isso pode ser um forte elemento de transformação. Os dados levantados pelo monitoramento apoiam decisões sobre a biodiversidade e são fundamentais para a ciência e manutenção de cadeias produtivas relevantes na economia. De maneira bem articulada, a própria atividade de monitoramento também pode ser um ativo, tornando-se fonte de renda para populações”, comenta ela.
Projetos de geração de renda passaram a fazer parte do IPÊ como estratégia para conservação há quase 25 anos. Por exemplo, mais de 200 pessoas são beneficiadas com a implementação de sistemas produtivos mais sustentáveis no Pontal do Paranapanema, em São Paulo. O instituto avança nas soluções a partir do envolvimento das comunidades na bioeconomia, ciência e capacitação para fortalecimento dessa agenda.
De acordo com Oliver Hillel, secretário da CDB (Convenção da Diversidade Biológica), as transformações de maior resultado para a biodiversidade só acontecem se pensadas com participação. “Se você deixa pessoas de fora, não existe conservação e isso significa incluir sistemas produtivos junto com a biodiversidade. Isso é pensar soluções em longo prazo”, disse no evento.
Quando o assunto é desenvolvimento econômico, a restauração florestal e a produção agropecuária com foco nas paisagens multifuncionais, que consideram os aspectos social, ambiental e econômico merecem atenção, segundo Simone Tenório, coordenadora de políticas públicas e desenvolvimento econômico territorial do projeto Semeando Água.
“O IPÊ sempre teve como preocupação incluir comunidades em seus projetos pela biodiversidade brasileira. É uma premissa importante. Algumas das nossas maiores conquistas estão ligadas a essa participação social com geração de renda, como é o caso do café agroflorestal, os corredores no Pontal do Paranapanema com os viveiros e ainda as ações no Sistema Cantareira. Respeitar a cultura local e garantir que as pessoas conheçam seus direitos, é ponto chave para se ter sucesso. Soluções para pequenos produtores e uma agricultura de baixo carbono precisam também estar no rol de ações, sem deixar de considerar a importância da biodiversidade para a provisão dos serviços ecossistêmicos e manutenção dos ecossistemas.”, destaca.