Um dos biomas mais ameaçados do Brasil, a Mata Atlântica é também uma das áreas mais ricas em biodiversidade! Quase 20 mil espécies de plantas fazem parte da diversidade dessa floresta. Com relação à fauna, se contarmos os vertebrados, são mais de 2.000 espécies diferentes. Neste bioma brasileiro encontra-se cerca de 80% da produção econômica do país e isso é um grande desafio socioambiental por conta da pressão que a própria economia desempenha nas florestas, com degradação e desmatamentos que causam perda de biodiversidade e afetam serviços ecossistêmicos como a produção de água e regulação climática.
A Mata Atlântica do sul da Bahia tem uma vegetação conhecida por “Hileia Baiana”, justamente por conta da similaridade de fauna e flora com a Floresta Amazônica, o que indica que as duas já foram conectadas no passado. A Hileia Baiana abriga alta diversidade de espécies endêmicas, ou seja, espécies que existem apenas nessa região e em nenhum outro local do planeta, muitas delas ameaçadas de extinção. Essa região é essencial tanto para a produção de água quanto para a manutenção do clima local. Sua importância vai além dos aspectos físicos e ambientais, sendo também relevante para a história do Brasil. Além disso, a região possui uma rica cultura local, abrangendo vários territórios indígenas. Portanto, a preservação desta região é de suma importância, não apenas para a sustentabilidade ambiental, mas também para a preservação da identidade cultural e histórica do Brasil. Dentre as áreas protegidas mais relevantes, destacam-se o Parque Nacional do Descobrimento, o Parque Nacional Histórico do Monte Pascoal, o Parque Nacional do Pau-Brasil, juntamente com Reservas Extrativistas e Reservas de Desenvolvimento Sustentável.
A história socioeconômica do sul da Bahia foi marcada por sucessivas fases de exploração dos recursos naturais, desde o período colonial com a extração do pau-brasil (Paubrasilia echinata) para o mercado europeu, o que resultou no esgotamento da espécie. Além disso, a região do sul da Bahia enfrenta conflitos sociais relacionados à demarcação de terras indígenas e áreas destinadas a assentamentos rurais da reforma agrária, envolvendo comunidades indígenas, quilombolas, pequenos agricultores, grandes proprietários de terras e grandes empresas. A história socioeconômica revela a complexa relação entre o desenvolvimento econômico, a exploração dos recursos naturais e a preservação ambiental, destacando a necessidade de alternativas sustentáveis para o futuro da região.
Diante deste cenário, a restauração de paisagens é uma estratégia fundamental para a conservação da biodiversidade, a proteção dos recursos hídricos, a garantia do uso sustentável dos recursos naturais, manutenção da regulação climática e a promoção do bem-estar das comunidades locais.