Onde Estamos
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Nazaré Paulista, SP, Brasil
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O IPÊ busca atuar nas questões da agricultura, da segurança alimentar e da valorização cultural, com a abertura de novas frentes de ação para a conservação e uso sustentável da biodiversidade. Este projeto começou em 2005, e até hoje é a base do trabalho do Instituto na região.
Sociobiodiversidade é um conceito que envolve a relação entre a diversidade biológica, os sistemas agrícolas tradicionais (agrobiodiversidade) e o uso e manejo destes recursos junto com o conhecimento e cultura das populações tradicionais e agricultores familiares. São “bens e serviços gerados a partir de recursos da biodiversidade, voltados à formação de cadeias produtivas de interesse de povos e comunidades tradicionais e de agricultores familiares, que promovam a manutenção e valorização de suas práticas e saberes, e assegurem os direitos decorrentes, gerando renda e promovendo a melhoria de sua qualidade de vida e do ambiente em que vivem” (Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade – MDA/MMA/MDS).
Parte-se do princípio de que tanto estes recursos, serviços e produtos, como o “saber-fazer” desenvolvido por estas populações têm tido pouca atenção no âmbito das estratégias de conservação. O histórico de exploração do Rio Negro contribui para isso, por causa da especialização das atividades produtivas, principalmente a exploração madeireira, que tem provocado o abandono das práticas tradicionais de agricultura e extrativismo. A erosão da diversidade agrícola reveste-se de importância especial no caso da Amazônia, onde se localizam importantes focos de diversificação de plantas cultivadas.
O desenvolvimento de produtos da sociobiodiversidade, considerando estes como patrimônios materiais e imateriais dos povos tradicionais que habitam a região do mosaico do baixo Rio Negro, pode se configurar como uma estratégia viável de desenvolvimento e de conservação das áreas protegidas.
Principais Ações:
Uso e gestão dos recursos naturais
Pesquisa para entender o uso e os processos de gestão dos principais sistemas produtivos da região desenvolvidos pelas populações ribeirinhas local. O trabalho apoia-se nas abordagens e técnicas da pesquisa participativa. A pesquisa com o extrativismo madeireiro, por exemplo, tem como objetivo entender como a atividade é desenvolvida nesse local, quais são as formas de extração, os tipos de árvores, os pontos de extração, critérios de escolha e as formas de negociação desses produtos. Ao estudar os sistemas agrícolas, pode-se avaliar o volume produzido, bem como a força de trabalho empregada nos subsistemas de produção, roça e quintal das famílias localizadas ao longo do rio Cuieiras. Assim, compreende-se que fatores determinantes são mais críticos para a tomada de decisão dos agricultores no manejo do balanço entre o consumo interno e a comercialização da produção resultante desses subsistemas.
Etnoecologia
Pesquisa com objetivo de compreender as formas de representação e classificação da agrobiodiversidade. Busca-se a integração do conhecimento etnoecológico nos processos de conservação dos recursos fitogenéticos e de valorização e proteção dos saberes tradicionais associados, bem como contribuir com projetos agroecológicos.
Etnozoologia e sistemas de caça e pesca
Descreve o conhecimento mantido por algumas comunidades humanas do rio Cuieiras sobre a fauna e ictiofauna exploradas nas atividades de caça e pesca, e sobre como esses saberes refletem-se nas práticas e estratégias desses sistemas na região. Buscam-se informações locais sobre a situação da fauna silvestre e aquática, bem como formas de monitoramento e conservação com bases comunitárias.
Metodologia participativa e extensão agroecológica
As ações de educação, extensão agroecológica e organização social são realizadas por metodologia participativa e construtiva, na qual prevalecem o diálogo entre o conhecimento tradicional e técnico/científico, valorização do conhecimento local e empoderamento dos grupos. Os técnicos exercem o papel de facilitadores do processo e da organização do conhecimento. São usadas técnicas de sensibilização, mobilização, integração e organização dos grupos em conversas informais, reuniões, diagnósticos e planejamentos participativos, oficinas, atividades lúdicas, dinâmicas e intercâmbios.
Fortalecimento das organizações comunitárias
Formação, assessoria em associativismo e empreendedorismo em parceria com as comunidades e organizações locais. Considerando que uma das premissas é a perspectiva de gênero. Dentre estas organizações há grupos de mulheres e clube de mães, em que são tratados ainda temas sobre direitos, autonomia e políticas públicas.
Desenvolvimento de produtos da sociobiodiversidade
Apoio à valorização, produção, divulgação e comercialização (dentro dos princípios da economia solidária e comércio justo) dos produtos da sociobiodiversidade das populações do Baixo Rio Negro, em que se destacam artesanato, produtos agrícolas (fundamentalmente farinha de mandioca e seus “subprodutos”) e doces de frutas regionais. Nesse processo, são fundamentais ações de formação, capacitação e educação agroecológica voltadas à produção. Assim, incentiva-se a participação de grupos produtivos de mulheres e artesãos em feiras regionais e nacionais sobre agricultura familiar e valorização dos produtos da sociobiodiversidade.
O artesanato consiste em peças feitas com sementes (colares, pulseiras, brincos, bolsas), arte em madeira (miniaturas de animais) e tecume confeccionados com fibras (arumã, tucum, cipós). Toda a matéria-prima é extraída e cultivada a partir do conhecimento tradicional e uso sustentável dos recursos.
Os doces (geléias, doces, biscoitos e balas) são produzidos a partir do beneficiamento artesanal de frutas regionais como abacaxi, castanha, coco, cupuaçu, cubiu, maracujá e tucumã, que são cultivadas e colhidas nos roçados e quintais das famílias da região. O desenvolvimento destes produtos tem estimulado a valorização e diversificação dos espaços agrícolas como sistemas agroecológicos.
Agrofloresta
As atividades agroecológicas reúnem meios para sensibilizar e envolver os comunitários na identificação e desenvolvimento de potenciais práticas sustentáveis. Seguindo os princípios e a ética da terra da Permacultura, busca-se estimular as soluções sociais e ecológicas geradas dentro das próprias comunidades. O sistema agroflorestal (SAF’s) foi identificado como um sistema agrícola sustentável de alta produtividade e adaptado ao contexto local. Para a consolidação educativa e prática deste modelo, são consorciadas espécies identificadas pelos agricultores (com posterior incremento dos estudos etnobotânicos) e experimentadas técnicas de manejo e de viveirismo.
Meliponicultura
É a prática de se criar “racionalmente” as abelhas sem ferrão. Consiste principalmente no remanejamento dos enxames da natureza, permitindo criações em caixas de madeiras na tentativa de “imitar um ninho natural”. São muitos os atributos oferecidos pelas abelhas nativas, que além de fornecer produtos apreciados pelas pessoas: mel, pólen, cera e resinas. Eles são, bastante utilizados nos remédios caseiros como complemento alimentar, na confecção dos artefatos e/ou como fonte de renda. As abelhas ainda desempenham um importante papel dentro da cadeia trófica, sendo uma das principais responsáveis pela polinização, que determina a formação de frutos e sementes. Neste sentido, buscou-se trabalhar na formação e capacitação de um grupo para o manejo das abelhas sem ferrão, na tentativa de utilizar essa intervenção como uma ferramenta educacional em prol da conservação e manejo da agrobiodiversidade.
Intercâmbio de experiências na Amazônia
o Objetivo é promover e incentivar trocas de experiências em organização social, sistemas agroecológicos e produtos da sociobiodiversidade entre comunidades, grupos produtivos e agricultores.
Participação comunitária
Participação e articulação nos Fóruns Estaduais de Agroecologia, Educação Ambiental e Economia Solidária.
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