A governança do nosso planeta enfrenta crises diversas, mas as mudanças climáticas merecem destaque especial. Em 2024, atingimos um marco alarmante: a temperatura média global aumentou 1,5 graus em relação aos níveis pré-industriais. As consequências são devastadoras em diversas frentes, mas em especial para a biodiversidade global, que tem acumulado perdas, muitas vezes irreversíveis.
Para enfrentarmos esses desafios de forma eficaz, nossos projetos e nossa escola apoiam-se no diálogo como ferramenta central, com uma ampla rede de atores. Essa abordagem colaborativa é um dos nossos diferenciais, permitindo-nos trabalhar juntos para encontrarmos soluções inovadoras e sustentáveis.
Isso tem nos ajudado a alcançar feitos inéditos, como por exemplo o plantio de 10 milhões de árvores na Mata Atlântica, ação que reuniu empresas, fazendeiros e assentados rurais, através do Projeto Corredores de Vida, no Pontal do Paranapanema/SP, que completa 25 anos em 2025.
Reunir as pessoas para pensar o futuro da Amazônia é também outra grande realização do IPÊ, desde quando iniciou suas ações pelo Baixo Rio Negro, também há 25 anos. Ali, nos tornamos mais um ouvido para as comunidades e uma voz para que suas questões chegassem aos tomadores de decisão. Disso, por exemplo, resultou a criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Puranga Conquista, em Manaus, onde hoje vivem 17 comunidades que retiram parte de seu sustento a partir do uso sustentável da floresta.
Os desafios socioambientais que enfrentamos atualmente são severos e se relacionam com diversos problemas, entre eles os econômicos. As soluções para superá-los, portanto, devem considerar todos os fatores. Dessa forma, nossos projetos não atuam simplesmente para a conservação de uma espécie, mas consideram o todo, como a questão climática, que tem gerado cada vez mais preocupação em todo o mundo; a segurança alimentar e geração de renda para famílias dentro de uma produção e atividade justa e sustentável. Adicionalmente, buscamos compartilhar conhecimento e promover participação social em processos para o bem-estar comum. A natureza para nós é um caminho para promover transformação e não apenas um fim.
Com essa forma de atuação, celebramos marcos importantes em 2024: nossa equipe chegou a 180 pessoas, composta por profissionais de diversas áreas do conhecimento; melhoramos a nossa capacidade institucional para realização de projetos fortalecendo nossa governança e estrutura; consolidamos os trabalhos no Espírito Santo e Pantanal, assim como as ações do Extremo Sul da Bahia; e demos início a projetos do Laboratório de Inovação Socioambiental.
Os resultados desse relatório mostram mais um ano de trabalho, mas não só isso. Eles carregam em si um histórico de longa data pautado nessa essência de compreender o processo em que estamos inseridos, as complexidades da fauna silvestre, das florestas e dos seres humanos. Aqui também é possível entender os nossos próximos passos, o futuro que ainda queremos construir e que queremos que você continue acompanhando e fazendo parte.
Boa leitura!
Eduardo Ditt, diretor executivo