No Amazonas, as comunidades da Reserva Extrativista (Resex) do Rio Unini e do Parque Nacional (Parna) Jaú aproveitam a chegada da estação seca na região para monitorar e estudar a ecologia reprodutiva de quatro espécies de quelônios aquáticos desta região do Baixo Rio Negro: a tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa), o tracajá (Podocnemis unifilis), a irapuca (Podocnemis erythrocephala) e a iaçá (Podocnemis sextuberculata). O monitoramento começou no mês de setembro, período de desova dos quelônios e vai até o nascimento dos filhotes em dezembro.
Para dar início aos trabalhos deste ano, as comunidades receberam apoio da equipe de pesquisadores do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e Wildlife Conservation Society – WCS, organizações parceiras do ICMBio no projeto “Monitoramento Participativo da Biodiversidade em Unidades de Conservação da Amazônia” e membros do Programa de Conservação de Quelônios do Mosaico do Baixo Rio Negro – PCQMBRN.
Este é o terceiro ano que os monitores – em sua maioria jovens lideranças e multiplicadores de conhecimento local – realizam levantamentos sobre as espécies nessas duas Unidades de Conservação. Nesta nova edição de monitoramento, quatro novas comunidades no rio Unini, ingressaram no projeto ao se espelhar nas comunidades vizinhas.
“Quando recebemos o convite para a soltura dos filhotes ano passado [resultado do trabalho dos monitores da comunidade Lago das Pombas], vimos o quanto vale a pena fazer essa proteção também para conseguir soltar filhotes que não iam nascer” comenta Alberto Leonel, monitor de sítios reprodutivos de quelônios da comunidade Floresta, rio Unini.
Na primeira expedição desta temporada, foi realizada amostragem de outro componente do protocolo complementar de biodiversidade do projeto, o monitoramento de populações de quelônios aquáticos, com o método de captura/marcação, utilizando redes de pesca. O trabalho é sempre realizado nesse mesmo período de vazante/seca dos rios, quando ainda há acesso aos lagos e remansos de ambos, Unini e Jaú.
“Mesmo sendo o início de um monitoramento de longo prazo, já estão aparecendo resultados interessantes sobre a dinâmica populacional das espécies da região. Com o monitoramento é possível entender parâmetros importantes para avaliação da ecologia populacional, tais como, movimentação, área de uso, taxa de sobrevivência, idade, razão do sexo e abundância de cada espécie de quelônio aquático, contribuindo assim com a biologia da conservação dessas espécies ameaçadas”, explica a bióloga Virgínia Bernardes, consultora do IPÊ.
O Projeto “Monitoramento de Biodiversidade em Unidades de Conservação na Amazônia” é uma parceria entre IPÊ e ICMBio, no âmbito do Programa de Monitoramento in situ da Biodiversidade, e acontece hoje em sete Unidades de Conservação federais na Amazônia.